Comprar ou vender?

Inter (INBR32) está arriscado e é melhor vender, recomenda Bradesco BBI

16 maio 2023, 20:36 - atualizado em 16 maio 2023, 20:36
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Inter: Bradesco avalia que ação é uma furada, mostra relatório publicado nesta terça (Imagem: Inter/Facebook)

O Bradesco BBI cortou a recomendação do Inter (INBR32) de compra para venda, com preço-alvo para os papéis de R$ 12,50 (antes em R$ 15).

De acordo com a corretora, apesar de premissas um tanto otimistas do lucro líquido (R$ 160 milhões em 2023 e R$ 292 milhões em 2024), a execução deve ser desafiadora – especialmente considerando que as operações principais (bancário/empréstimos) ainda estão abaixo do ponto de equilíbrio.

Os analistas Otávio Tanganelli, José Cataldo e Renato Chanes, que assinam o documento, dizem ainda que a ação negocia a 0,7x o valor patrimonial (quando comparados a um ROE esperado de 2,3% muito discreto) e 17,1x o múltiplo P/L (preço sobre o lucro) para 2024 (mesmo considerando um crescimento muito alto dos lucros), o que “deixam algum espaço para possíveis decepções à frente”.

Além disso, lembram que os concorrentes da fintech estão negociando a um múltiplo P/VPA (preço sobre valor patrimonial) médio de 1,3x, oferecendo relação entre risco e retorno mais equilibrada neste ponto, o que torna o INBR32 pouco atraente.

No primeiro trimestre, o banco reportou lucro de R$ 28,8 milhões, equivalente a um ROE trimestral de 1,4%, queda de 16%; a receita bruta alcançou a R$ 1,8 bilhão e a base de clientes ativos ultrapassou a marca dos 26,3 milhões.

Segundo o BBI, os retornos foram baixos, com as operações principais ainda abaixo do ponto de equilíbrio e a unidade bancária de forma autônoma reportando prejuízo de R$ 426 milhões em 2022 e prejuízo de R$ 26 milhões no primeiro trimestre.

“Olhando para frente, com perspectivas ainda desafiadoras para provisões/inadimplência, parece que as recentes iniciativas não têm sido suficientes”, dizem.

No futuro, defendem os analistas, o banco depende significativamente da melhoria dos spreads sem, com isso, aumentar a inadimplência, o que, na visão da corretora, deve ser particularmente desafiador em um cenário de menor apetite por risco para empréstimos.

“Em suma, embora já assumamos um cenário otimista para o crescimento do lucro (R$ 160 milhões de lucro líquido em 2023 e R$ 292 milhões em 2024), os níveis de ROE devem permanecer moderados no curto e médio prazo, e projetamos um crescimento sustentável ROE de 10% no longo prazo”, completam.