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Inter faz movimento ousado ao adquirir Usend e deve replicar estratégia bem-sucedida nos EUA

30 ago 2021, 15:38 - atualizado em 30 ago 2021, 16:12
Banco Inter
Tudo indica que o banco vai manter lá fora a estratégia de sucesso que praticou para crescer no Brasil (Imagem: Divulgação/Banco Inter)

O Inter (BIDI11) fez um movimento ousado – e definitivamente positivo – ao adquirir a Usend, na avaliação dos analistas. Com a startup, a companhia dá continuidade à sua estratégia de internacionalização, que começou com o lançamento de um marketplace nos Estados Unidos. Mais que isso: com a Usend, o Inter vai começar a operar, de fato, produtos financeiros em território americano.

A Genial Investimentos está bem otimista com o que o Inter pode entregar nos Estados Unidos. Segundo a corretora, tudo indica que o banco vai manter lá fora a estratégia de sucesso que praticou para crescer no Brasil.

“Na nossa visão, um dos ativos mais relevantes da companhia é a autorização para operar como Money Transmitter em mais de 40 estados norte-americanos, possibilitando oferecer serviços como wallet, cartão de débito, pagamento de contas, dentre outros”, afirmou. “Avaliamos a aquisição como positiva para a estratégia de internacionalização do Inter, dando ao banco a opcionalidade de explorar múltiplas linhas de negócios financeiros e não financeiros internacionalmente, assim como faz no Brasil”.

Inter fecha bom negócio

O Inter anunciou a compra de 100% do capital social da Usend na última sexta-feira. A startup conta com mais de 150 mil clientes que têm, além dos serviços de wallet, cartão de débito e pagamento de contas, acesso a funcionalidades de recarga de celulares e gift cards.

Na opinião do BTG Pactual (BPAC11), a companhia comprou não só um bom negócio, como também tempo.

O fechamento da transação está sujeito à finalização de instrumentos definitivos e à verificação de determinadas condições precedentes, tais como a obtenção de aprovações regulatórias, incluindo Banco Central (BC) e entidades regulatórias americanas.

No entanto, dada a “simplicidade” da licença, a companhia não deve enfrentar grandes problemas para conseguir a aprovação dos órgãos reguladores.

A aquisição da Usend foi uma saída “barata” para a estratégia de internacionalização do Inter, tendo em vista que a empresa está entrando em um mercado novo e com grande demanda por serviços financeiros (Imagem: Divulgação/Inter)

Ainda de acordo com o BTG, a aquisição da Usend foi uma saída “barata” (o valor não foi divulgado, mas o banco acredita que não chegou a atingir R$ 1 bilhão) para a estratégia de internacionalização do Inter, tendo em vista que a empresa está entrando em um mercado novo e com grande demanda por serviços financeiros, além de um país onde os serviços bancários digitais parecem mais atrasados que no Brasil.

“Para nós, o Inter provou sua habilidade de inovar e se mover rapidamente. No Brasil, é bem provável que já seja a melhor e mais completa plataforma para clientes individuais. Então, por que não replicar isso nos Estados Unidos?”, afirmou o BTG.

O banco acredita que a aquisição da Usend, somada à parceria com a Stone (STNE), deve aumentar as chances de uma listagem bem-sucedida na Bolsa americana.

Preço da ação pode subir

A listagem do Nubank nos Estados Unidos pode atrair a atenção dos investidores internacionais para o Inter, disse o Itaú BBA.

O Nubank pode ser avaliado entre US$ 75-100 bilhões na oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), sugerindo um premium massivo para o Inter de US$ 12 bilhões em capitalização de mercado.

Para a instituição, o Inter é que deveria ser negociado com prêmio para o Nubank pela métrica “por cliente”, e não o contrário.

“Os dois bancos têm seus méritos, mas o Inter parece oferecer uma plataforma bancária digital e de consumo mais avançado”, defendeu o Itaú BBA.

A listagem do Nubank nos Estados Unidos pode atrair a atenção dos investidores internacionais para o Inter, disse o Itaú BBA (Imagem: Divulgação/Banco Inter)

“Considerando as receitas pós-risco de crédito, os clientes do Inter são significativamente mais lucrativos. Os clientes do Inter são mais engajados no super app do banco, que realiza venda cruzada de produtos de seguros, investimentos e crédito. O banco também registra um depósito bem maior por cliente, majoritariamente em depósitos à vista, que são financiamentos gratuitos por meio dos quais o Inter pode estender crédito”, completou.

O Itaú BBA reiterou a recomendação de outperform (desempenho esperado acima da média do mercado) para o papel do Inter, apesar do movimento de baixa ao longo do último mês. O preço justo estimado para 2022 é de R$ 91.

A instituição acredita que o cenário de alta de juros ajudará a separar os vencedores dos perdedores na corrida digital do setor bancário brasileiro, e o Inter tem as ferramentas necessárias para fazer parte do primeiro time.

A Genial e o BTG têm recomendação de compra para o nome, com preços-alvo de, respectivamente, R$ 100 e R$ 90.