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Inter (BIDI11) e Magalu (MGLU3): BlackRock, T. Rowe e Dynamo buscam pechinchas na bolsa

02 fev 2022, 16:36 - atualizado em 02 fev 2022, 16:37
Mercados, Ibovespa, B3
A lei brasileira exige que as empresas divulguem informações sobre qualquer acionista que atingir uma participação de 5% ou mais (Imagem: Money Times/Diana Cheng)

A BlackRock e a T. Rowe Price estão entre as gestoras de ativos globais que aumentaram sua exposição a ações brasileiras após um ano sombrio para o mercado local, com uma queda que levou os múltiplos do Brasil ao menor patamar em mais de uma década.

No mês passado, a BlackRock aumentou posições no banco digital Banco Inter (BIDI11) e no grupo varejista Assaí (ASAI3), enquanto a T. Rowe comprou ações do Magazine Luiza (MGLU3), segundo análise de mais de 40 documentos regulatórios.

A lei brasileira exige que as empresas divulguem informações sobre qualquer acionista que atingir uma participação de 5% ou mais.

As empresas de investimento globais se juntaram a outros investidores estrangeiros que foram atrás de pechinchas no Brasil após o índice Ibovespa registrar no ano passado sua primeira queda anual desde 2015, com a segunda pior performance ao redor do mundo.

O mercado brasileiro chegou a negociar a 7,4 vezes o lucro estimado, o menor nível desde 2009, de acordo com dados da Bloomberg. Em janeiro, investidores estrangeiros despejaram R$ 32,5 bilhões em ações na B3, a segunda maior entrada líquida mensal desde ao menos 2008.

“Temos adicionado seletivamente ações brasileiras desde o final do ano passado”, disse Ed Kuczma, que tem mais de US$ 1 bilhão em ações latino-americanas sob gestão na BlackRock.

“As ações brasileiras são ‘under-owned’ pelos investidores globais, em minha visão, e os múltiplos atuais refletem muito da incerteza”.

As ações brasileiras foram penalizadas por uma série de fatores no ano passado: expectativa de um crescimento mais fraco, taxas de juros mais altas e a antecipação do debate eleitoral, além da pressão vendedora de investidores institucionais domésticos, que foram forçados a se desfazer de ativos à medida que sofriam com resgates.

O Ibovespa subiu 7% em janeiro, seu melhor mês em mais de um ano.

“Há muito valor no Brasil”, disse Verena Wachnitz, gestora da T. Rowe Price em Londres, em entrevista. “É difícil saber onde é o fundo, mas muito das notícias negativas está no preço”, disse Wachnitz, que não comentou investimentos específicos.

Pablo Riveroll, chefe de renda variável para a América Latina na Schroders em Londres, também aumentou sua exposição ao país no início do ano. “Os valuations ficaram bastante extremos”, disse.

“Em um ambiente inflacionário, as commodities estão bem protegidas e gostamos de petróleo, minério de ferro, aço e alumínio”, disse Riveroll. Ações da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR3;PETR4) acumulam alta próxima de 9% e 14%, respectivamente, desde o início do ano.

Os locais também estão de olho nas oportunidades. A Dynamo, uma das gestoras de fundos de ações mais antigas e respeitadas do Brasil, reabriu seu fundo carro-chefe para dinheiro novo após o Dynamo Cougar ter ficado fechado desde o início da pandemia de coronavírus.

Recentemente, a Dynamo alcançou uma fatia de 10% da Cyrela (CYRE3), que sobe 36% desde sua mínima de dois anos.