Inter (BIDI11): A receita para as ações desabarem após o balanço do 4T21
As ações do Inter (BIDI11) têm forte queda nesta terça-feira (22), com recuo de 7,8% por volta das 12h25, a R$ 24,33, após o banco apresentar o balanço do quarto trimestre.
No período, a empresa teve lucro abaixo do esperado, acelerou as provisões, apresentou prejuízo da cessão de crédito e desacelerou a carteira de crédito.
Os números foram divulgados em um contexto de baixa para as “techs” da bolsa, em reflexo da alta da taxa básica de juros no país – nos últimos seis meses, o Inter já perdeu 60% de valor de mercado.
Para a Genial Investimentos, o resultado do banco foi “salvo pelo imposto”. O Inter teve lucro líquido contábil de R$ 6,4 milhões no quarto trimestre de 2021, em uma queda de 67,1% na base anual.
A cifra ajustada chegou a R$ 20,2 milhões, alta de 4,2%. Analistas esperavam que o banco apresentasse lucro de R$ 48 milhões no quarto trimestre, de acordo com dados reunidos pela Bloomberg.
As provisões aumentaram em 157% e o prejuízo de cessão de crédito chegou a R$ 74 milhões, fazendo com que o resultado antes de imposto fosse negativo em R$ 12,8 milhões, destacou a Genial.
Para a corretora, a alta de 43,4% dos depósitos à vista – que representam uma desaceleração frente ao trimestre anterior – pode encarecer o custo de funding.
A margem financeira seguiu forte (+123% a/a), puxada pelo crescimento da margem com o mercado (+13,5x a/a).
De maneira geral, a Genial diz estar otimista com a continuidade do fechamento da assimetria entre share de linhas operacionais e de crédito, carteira colateralizada e continuidade da reprecificação da carteira.
A corretora também cita o “valuation descontado” de 2,6x P/VP 21. “Contudo, dado cenário macro mais desafiador, que deve diminuir o crescimento da carteira no curto prazo, e mudanças no custo de capital (Ke) estamos diminuindo o nosso preço-alvo para R$ 39,5”.
Potencial do Inter (BIDI11)
O UBS BB segue com preço-alvo de R$ 46 para o Inter, com recomendação de “compra”, segundo relatório assinado por Thiago Batista, Olavo Arthuzo e Philip Finch.
“O Inter é negociado a um valor de mercado por cliente de US$ 320, o que implica um desconto significativo sobre outros bancos digitais (e até para os gigantes brasileiros)”, disse. “Os riscos agora estão inclinados para o lado positivo”.
O UBS BB espera que o Inter chegue a 24 milhões de clientes em 2022 (vs. 16,3 m no 4T21), cita uma expansão de crédito de 60%, GMV (valor bruto de mercadoria) de R$ 6,3 bilhões e TPV total do cartão de R$ 93 bilhões.
“Projetamos ganhos acima do consenso de R$ 593 milhões em 2022 e R$ 1,3 bilhão em 2023 (vs. consenso de R$ 380 milhões em 2022 e R$ 884 milhões em 2023)”, calculam.
O Itaú BBA segue com preço-alvo de R$ 65,12 para o Inter, definido pelos analistas da instituição como a ação favorita de banco digital.
O grupo destaca que os NPLs [empréstimos bancários que não foram pagos pelos seus clientes] da empresa caíram 4 bps (pontos-base), a 2,80%, o que seria um dos melhores patamares do setor bancário coberto pelo Itaú BBA.
Os NPLs de cartões de crédito recuaram 60 bps no trimestre, para 5,2%. “Isso contrasta com o que nós estamos vendo com o sistema e certamente outros players digitais”, disse o Itaú BBA.
Para o banco, o patamar indica um melhor perfil do cliente e mostra um controle “muito rígido sobre concessões e crédito seleção para esse produto tradicionalmente mais arriscado”.
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