Inter (BIDI11): 7 fatores que explicam a queda das ações (e o que esperar daqui para frente)
Os papéis do Inter (BIDI11) estão ficando para trás. Desde meados do ano passado, a companhia perdeu 80% do seu valor de mercado.
Na opinião da Genial Investimentos, existe explicação para o desempenho ruim das units. A corretora destaca que a empresa vive uma “tempestade perfeita”. Dentre alguns fatores que motivaram a queda das ações, analistas destacam:
- não conseguir listar sua ação no exterior;
- liquidação do Fundo Ponto Grossa, que operava alavancado e teve que vender suas ações após chamadas de margem;
- alta inflação e elevação da curva de juros, que prejudica o valuation principalmente de empresas de tecnologia;
- alta acelerada da Selic, que pressiona as despesas financeiras;
- aumento da inadimplência;
- sell off de fintechs, fenômeno observado em todo o mundo; e
- volatilidade nos mercados com a guerra na Ucrânia.
Pressão sobre techs
As ações ligadas a tecnologia, incluindo o Inter, estão passando por um processo de venda generalizada. O principal motivo é a pressão que a curva de juros impõe sobre o setor.
A Genial lembra que o Inter é uma empresa de crescimento e ainda dá pouco lucro. Como a remuneração aos acionistas é incerta, a alta dos juros (atualmente em 11,75%) torna investimentos de renda fixa mais atrativos, uma vez que possuem menores riscos.
“Por terem uma expectativa de remuneração mais distante e mais incerta do que companhia maduras, as empresas de tecnologia tendem a sofrer mais com a elevação das taxas de juros”, explicam os analistas Eduardo Nishio e Bruno Bandiera.
Além disso, a alta da Selic prejudica a elevação das despesas financeiras dos bancos, dizem. Juros maiores aumentam o custo para captação de recursos, que precisam ser repassados aos empréstimos. Sem o repasse, há uma compressão dos spreads.
No caso do Inter, a Genial diz que a companhia tem reprecificado sua carteira de forma mais lenta que outros bancos, até porque ela possui uma margem com o mercado robusta.
“O Inter está utilizando a boa margem com mercado para compensar as taxas mais baixas de seus empréstimos. O banco pode estar fazendo isso para se manter mais competitivo em alguns tipos de empréstimos, como o imobiliário”, destacam Nishio e Bandiera.
“Independentemente da estratégia do Inter, a pressão nos spreads é particularmente sensível em um ciclo de alta de juros, pois é como se o banco deixasse de ganhar com os seus empréstimos, que são o seu core business”, completam.
Além dos juros, destacam os analistas, a inadimplência continua sendo um dos principais pontos de atenção, dada a inflação elevada, o baixo crescimento do PIB e o alto nível de endividamento das famílias.
“A inadimplência é especialmente relevante para teses de fintechs, como Nubank (NU;NUBR33) e Inter, pois essas empresas estão testando seus modelos de crédito e tem um acelerado crescimento de carteira”, afirma a Genial.
A corretora afirma que uma das vantagens do Inter é ter boa parte dos seus créditos colateralizada (com alguma garantia).
Listagem no exterior
Um empecilho no caminho do Inter é não ter conseguido seguir com sua listagem no exterior – pelo menos, por ora.
Segundo a Genial, a listagem nos Estados Unidos permitiria levantar capital para financiar o crescimento sem que a família Menin (atual controlador) perdesse o controle.
“Na prática, seria como se a família Menin pudesse manter o controle com menos de 50% das ações ordinárias, pois suas ações dão um poder de voto maior”, diz.
Além disso, a listagem no exterior possibilitaria o Inter negociar a múltiplos mais altos.
Largar ou comprar a ação?
Apesar de todos os fatores negativos, a Genial segue otimista com o crescimento do Inter.
A corretora acredita que a assimetria entre os indicadores financeiros e operacionais deve seguir diminuindo, ainda mais com o crescimento acelerado da carteira de crédito.
“Enxergamos um caminho favorável para o banco rumo a lucratividade”, afirma.
Além disso, o Inter tem realizado investimentos que devem fortalecer sua estrutura.
Para completar, os papéis do Inter são negociados com um desconto que, na avaliação da Genial, é injustificado, uma vez que possui uma tese semelhante à do Nubank.
“Mesmo se comparado a um banco digital, o Inter é excessivamente descontado na nossa visão. O Nubank possui um múltiplo preço por cliente ativo de R$ 4k em comparação a R$ 1,5k do Inter”, destacam Nishio e Bandiera.
A recomendação de compra foi mantida, com preço-alvo de R$ 39,50, o que implica um potencial de valorização de mais de 130% em relação à cotação do último fechamento.
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