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Intenção de Consumo das Famílias em SP cai pela 4ª vez, -3,9% em julho, diz Fecomé

27 jul 2018, 12:49 - atualizado em 27 jul 2018, 12:49
(Rovena Rosa/Agência Brasil/Agência Brasil)

Por Angelo Pavini, da Arena do Pavini – Mais um indicador antecedente de piora das condições econômica: o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) em São Paulo voltou a cair em julho, marcando a quarta queda mensal consecutiva. No mês, o indicador atingiu os 86,2 pontos, recuo de 3,9% na comparação com junho (89,7 pontos). Apesar da sequência negativa, o ICF está 10,3% acima do patamar de julho de 2017, que foi de 78,2 pontos.

O ICF é apurado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e varia de zero a 200 pontos, sendo que abaixo de 100 pontos significa insatisfação, e acima de 100, satisfação em relação às condições de consumo.

Segundo a Federação, todos os sete itens que compõem o ICF ficaram abaixo da pontuação de junho, fato que não ocorria desde maio de 2016, quando o país atravessava o auge da crise política, com o processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff.

Perspectiva em queda

O maior recuo foi notado no item Perspectiva de consumo (-7,9%), que passou de 92,7 pontos em junho para 85,4 pontos no mês atual. Em apenas dois meses, subiu de 35,6% para 41,4% a proporção de entrevistados que declarou que o nível de consumo nos próximos meses de sua família e da população em geral tende a ser menor do que há um ano subiu.

O item Momento para duráveis também apresentou retração (-7,3%) e atingiu 56,1 pontos, sendo, assim, a pior pontuação do ICF neste mês. No mês passado, o indicador que mede o apetite em compras de bens que são, em grande parte, financiados ou parcelados marcava 60,5 pontos. Ainda de acordo com a Federação, para o curto prazo, a tendência é a mesma. O item Nível de consumo atual caiu 3,6%, ao passar de 61,2 pontos em junho para 59,1 pontos em julho. A maioria (54,1%) ainda aponta que está consumindo menos do que há um ano.

Pessimismo com renda atual

O item Renda atual regressou ao patamar pessimista (abaixo dos 100 pontos), com 97,3 pontos, queda de 2,7% em relação a junho. Desta forma, voltou a ter a maioria dos entrevistados (33%) que respondem que o atual nível de renda está pior do que no mesmo período do ano passado.

Os dois itens relacionados ao emprego, Emprego atual e Perspectiva profissional, recuaram 2% e 2,3%, respectivamente. No entanto, são os únicos que ainda estão no patamar otimista, acima dos 100 pontos. A pontuação foi similar, de 108,4 pontos para o primeiro e 109,4 pontos para o segundo.

Acesso mais difícil ao crédito

E com a instabilidade na renda e no desemprego, os bancos voltam a ficar mais seletos na oferta de crédito. E, segundo a FecomercioSP, as famílias sentem isso. O item Acesso ao crédito caiu 3,3% e atingiu os 88 pontos. Em julho, foram 42% dos entrevistados que responderam que está mais difícil, em relação ao ano passado, conseguir empréstimos para compras a prazo.

Faixa de renda

A queda na intenção de consumo também ocorreu em ambas as faixas de renda analisadas. A maior variação foi de -5,1% para o grupo com renda superior a dez salários mínimos (SM) e que voltou ao patamar de 94,4 pontos. O índice do grupo com renda inferior a dez SM caiu menos (-3,4%), porém, está em um grau um pouco mais elevado de insatisfação, com 83,4 pontos.

Piora das condições econômicas das famílias

De acordo com a Federação, essa sequência negativa que se iniciou em abril “evidencia a deterioração das condições econômicas das famílias”. A economia mais fraca e a incerteza política criam preocupações em relação a renda e emprego, fatores fundamentais para incentivar o consumo das famílias, diz a entidade. Aliado a esses pontos, o ICF de julho ainda reflete negativamente a recente greve dos caminhoneiros.

Segundo a entidade, o indicador se junta aos outros índices de confiança da FecomercioSP, do consumidor e do empresário do comércio, que estão registrando quedas nos últimos meses. Para a Federação, o comércio ainda deve continuar mostrando taxas positivas no segundo semestre ajudado pela base fraca de comparação. Mas com variações mais baixas de crescimento, consequência desse crescente receio das famílias no cenário econômico brasileiro e riscos no mercado de trabalho.

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