Intel tem poucas alternativas viáveis, após investidor exigir desmembramento
O investidor ativista Daniel Loeb quer que a Intel considere dividir suas enormes operações de fabricação de chips de sua unidade de design e desenvolvimento de chips, mas analistas dizem que isso pode enfraquecer ambos os negócios, a menos que a empresa possa formar uma joint venture.
Por mais de 50 anos, a Intel operou com a ideia de que tanto o desenvolvimento quanto a fabricação de seus próprios semicondutores produzem os melhores resultados.
A empresa operou desta forma mesmo quando a maior parte da indústria global fez a transição para um modelo em que empresas norte-americanas como a Nvidia e a Qualcomm projetam chips que são produzidos por fabricantes especializadas na Ásia, lideradas pela Taiwan Semiconductor Manufacturing .
Mas a Intel não conseguiu permanecer na liderança da tecnologia de produção nos últimos anos, permitindo que rivais como a Nvidia e a AMD – que terceirizam a fabricação de chips – ganhem participação em mercados-chave como computadores e chips de data centers.
O presidente-executivo da Intel, Bob Swan, disse que deseja que as equipes de design da Intel sejam mais flexíveis sobre onde seus chips são produzidos e espera anunciar uma decisão no mês que vem sobre se a empresa terceirizará alguns de seus produtos de 2023.
Mas com as ações acumulando queda de quase 20% neste ano, o Third Point, fundo de Hedge de Loeb, está exigindo medidas mais dramáticas.
Ele enviou uma carta ao conselho da Intel solicitando que a empresa contratasse um consultor de investimentos para avaliar alternativas estratégicas, incluindo se deveria continuar a ser uma fabricante de dispositivos integrados.
Fontes familiarizadas com o assunto disseram à Reuters que a Third Point acumulou uma participação de 1 bilhão de dólares na Intel e quer que ela considere a separação das divisões de desenvolvimento e de fabricação de chips. Isso poderia incluir uma joint venture na indústria, de acordo com fontes.
Mas desmembrar as operações de produção da Intel em uma empresa separada “não resolve nada”, disse Stacy Rasgon, analista da Bernstein.
As fábricas de chips só são lucrativas quando operadas em plena capacidade. A Intel tentou atrair clientes externos antes, com pouco sucesso.
E embora as fábricas de chips rivais estejam lutando para atender à demanda este ano, os designers de chips devem se comprometer com uma fabricante de 18 a 24 meses antes da produção, o que significa que a nova empresa levaria tempo para conquistar novos clientes.
Nesse ínterim, a companhia separada provavelmente permaneceria dependente das operações de design da Intel para obter negócios – precisamente no momento em que a Intel está considerando transferir mais de sua fabricação para empresas externas.
Vender as fábricas da Intel para uma das duas únicas empresas capazes de fazer chips de processadores avançados – TSMC ou Samsung Electronics – também pode ser difícil, disseram analistas.
Isso porque a produção de chips requer a configuração e a programação de ferramentas extremamente caras para executar milhares de etapas em processos complexos de manufatura. Reconstruir uma fábrica da Intel para replicar, por exemplo, um processo de fabricação de chips da TSMC seria caro e demorado.
Uma joint venture envolvendo colaboração com a TSMC ou Samsung é provavelmente a opção mais viável, disse Linley Gwennap, analista do The Linley Group.
Mas qualquer movimento desse tipo seria uma bifurcação permanente no caminho para a estratégia de produção da Intel. A empresa produz mais de 800 mil wafers por mês em suas 15 fábricas, de acordo com um relatório de fevereiro da IC Insights.
Isso é menor do que os 2,9 milhões e 2,5 milhões da Samsung e da TSMC, mas ainda assim o volume é suficiente para exigir um grande investimento de um parceiro ao longo de muitos anos.