Mercados

Instituições financeiras relevam payroll escaldante e jogam em Fed menos agressivo em dezembro

04 nov 2022, 16:47 - atualizado em 04 nov 2022, 19:04
Fed
Mercados estão comprados em aumento mais dovish em dezembro (Imagem: Flickr/Federalreserve)

As apostas em torno de um aumento de 50 pontos-base (0,50%) na reunião de dezembro do Fed tomaram a dianteira nesta sexta-feira (4), na esteira do payroll de outubro. A elevação mais ‘dovish’ já aparece com 61,5% de chances, ante 38,5% em torno de um aumento de 0,75 ponto percentual.

O movimento das instituições depositárias do Federal Reserve dá indícios de que os mercados compraram a fala de quarta-feira de Jerome Powell, quando o dirigente disse não estar preocupado com a inflação advinda do mercado de trabalho.

Apear dos 265 mil empregos criados em outubro chegarem acima das expectativas do mercado, sugerindo um mercado de trabalho ainda escaldante, o número marca um arrefecimento na criação de novas vagas com relação às medições anteriores.

Na avaliação de Carlos Vaz, CEO e fundador da CONTI Capital, gestora de investimentos nos EUA. o dado não deverá ser lido de maneira isolada. O CPI (índice inflacionário), outro dado importante para as ponderações monetárias do Fed, sai na próxima quinta-feira e pode provocar novas reviravoltas no cenário das especulações.

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O emprego e o pouso suave do Fed

Na coletiva da quarta-feira, Jerome Powell disse não ter mais certeza se a economia americana passará ou não por um pouso suave, em meio ao ciclo de alta de juros. A tese pressupõe que o Federal Reserve conseguiria trazer a inflação de volta à meta de 2%, sem que a economia americana seja colocada em uma recessão, provocando uma disparada na taxa de desemprego.

Nesse sentido, a temperatura alta do mercado de trabalho tem gerado temores entre investidores de que a carga salarial possa suportar um avanço ainda mais prolongado da inflação e elevar a chance de uma atuação mais ríspida do Fed.

O desaquecimento do mercado de trabalho virou uma ‘obsessão’ de Wall Street, com alguns nomes proeminentes do mercado financeiro admitindo que somente uma elevação da taxa de desemprego poderá trazer de volta ao normal a inflação nos EUA.

Ariane Benedito, economista e especialista em mercados de capital, no entanto, não concorda com a leitura de que o desemprego em massa seja o preço necessário a ser pago para o convergência da meta inflacionária.  “O Fed está mais interessado em desaquecer a criação de novas vagas, do que o nível de desemprego”, diz.

A base do argumento de Ariane é que a expansão de novas vagas está atrelado a mais investimentos em produção pelo empresariado, gerando, por sua vez, mais renda. Com a crescente de renda, há também mais consumo e mais inflação. “Por esse motivo, desaquecer a criação de novas vagas através da queda do consumo é o ideal a se fazer”, conclui.

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Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
jorge.fofano@moneytimes.com.br
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.