Internacional

Instabilidade política na Espanha parece não preocupar mercado

19 set 2019, 10:50 - atualizado em 19 set 2019, 10:50
Felipe VI concluiu na terça-feira que não havia chance de formar governo, uma decisão que leva a monarquia constitucional a realizar novas eleições em dois meses (Imagem: Simon Dawson/Bloomberg)

Com eleições gerais novamente no horizonte, a Espanha parece ser um dos países mais politicamente fraturados da Europa. Mas os investidores não estão preocupados.

Por quê? Os mercados veem uma economia ainda robusta e um consenso pró-Europa. Não foi o caso na Itália e no Reino Unido, abalado pelo Brexit, dois países que também flertaram com eleições iminentes, mas cujo euroceticismo levantou bandeiras vermelhas.

Mesmo com os espanhóis tendo de voltar às urnas em 10 de novembro pela quarta vez em quatro anos, quem se importa? As ações estão em alta, e o spread entre os títulos espanhóis e alemães de 10 anos diminuiu.

Os principais partidos da Espanha tentam formar governo desde 2015 e, embora o impasse seja uma causa de angústia, a política fragmentada manteve as legendas populistas mais extremas longe do poder. Na verdade, a Espanha se sente mais integrada do que nunca à União Europeia.

“Não é uma instabilidade política, como vemos na Itália”, disse Alfonso Benito, diretor de investimentos da gestora de recursos espanhola Dunas Capital. “Ambos os partidos com chances reais de liderar um governo são os principais partidos, ambos pró-Europa, e é com isso que os mercados se preocupam.”

Há poucas razões para esperar que qualquer futuro governo tome medidas como aumentar excessivamente os impostos ou impor uma maior regulamentação sobre as empresas – o impasse sobre a Catalunha continua sendo a maior dor de cabeça. As taxas de juros ultrabaixas ajudam a manter o ambiente de estabilidade.

O rei Felipe VI concluiu na terça-feira que não havia chance de formar governo, uma decisão que leva a monarquia constitucional a realizar novas eleições em dois meses.

Em abril, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de Pedro Sánchez, foi o mais votado, mas não obteve maioria no parlamento. Sánchez é o primeiro-ministro interino, e as negociações para garantir o apoio da legenda de esquerda Unidas Podemos fracassaram.

A avaliação agora é que, com novas eleições, Sánchez poderá melhorar sua posição e, de alguma forma, conseguir maioria sem um aliado pouco confiável que poderia tentar impor medidas potencialmente hostis ao mercado.

Isso não quer dizer que ninguém esteja preocupado com o que acontece na Espanha.

O presidente do principal lobby empresarial do país descreveu o impasse dos últimos quatro anos como um “espetáculo lamentável”. Um provável cenário é a eleição de um novo governo socialista minoritário sem poder para aprovar um orçamento ou reformas econômicas básicas.

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