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Inovação: investimento em educação é o caminho para um futuro genuinamente conectado

31 out 2022, 10:23 - atualizado em 31 out 2022, 10:23
(Fonte: CristinaMorillo/Pexels/Reprodução)

Por Thauana Morais*

Que a indústria 4.0 chegou para ficar e se expandir cada vez mais não é segredo para quem trabalha e se desenvolve na era da informação. Em um mercado cada vez mais dinâmico e automatizado, é importante que todas os profissionais que contribuem direta e indiretamente com esses processos se aproximem e busquem soluções para um futuro cada vez mais inclusivo e verdadeiramente conectado.  

Nos processos da nova era, faz-se necessário buscar formas de aprimorar o nosso mindset, por exemplo, observando as mudanças no comportamento humano frente às inovações. Entender qual será o papel de diferentes profissionais e atores – que com ajuda da ciência – determinarão os próximos passos das soluções para o sistema interconectado continue fazendo sentido é fundamental. 

Como vamos implementar esses processos unindo a teoria e a prática dos futuros ecossistemas, depende da nossa capacidade de aprimorar nossos modelos mentais, dialogar e colaborar com os diferentes atores da sociedade. Leia o artigo completo para entender um pouco mais dessa relação.

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Transformação para o sistema operacional 4.0

Hoje vivemos um momento histórico em que a tecnologia conseguiu se desenvolver a um nível industrial, e onde é possível visualizar com mais facilidade a importância do olhar para as ciências no desenvolvimento de ferramentas que visam mudar a forma como enxergamos, vivemos, e produzimos no mundo. 

Essas grandes conquistas têm sido amplificadas também, graças ao desenvolvimento da internet, e dos espaços que vêm sendo criados dentro dela – como as plataformas e as ferramentas cada vez mais intuitivas, que buscam em grande medida resolver os diferentes problemas enfrentados por diversos atores na sociedade. 

Segundo a professora de Inovação, Mara Carneiro, o principal obstáculo para a transformação digital consciente é o desafio apresentado pelo nosso modelo mental. Pensando no contexto do Brasil, a tomada de decisão ainda é centralizada, fazendo com que empresas que não são nativas digitais, tenham dificuldades de avançar, pois ainda não entenderam como descentralizar essa tomada de decisão e criar modelos – conscientemente – ágeis de trabalho. 

Dentro desses contextos, o foco na educação 4.0 cria as bases e amplia toda uma estrutura física, mental, e virtual para que pequenas e grandes transformações aconteçam. E mais do que isso, uma educação que tem suas bases nas ciências, busca dar atenção a toda uma complexidade existente no ser humano, sendo então, solo fértil para que inovações e processos tecnológicos fiquem cada vez mais intuitivos. 

O sistema operacional da nova era 4.0, é baseado em co-criação e ação coletiva, é um sistema em que as  nossas sociedades que fazem parte de uma estrutura interconectado – ainda com desafios profundos -, e possuem esferas entendidas como: os governos, as universidades, e iniciativas privadas ou filantrópicas. 

Otto Scharmer, autor e pesquisador do MIT, explica que no sistema operacional 4.0, as diferentes esferas devem buscar atualizar suas capacidades em plataformas de conhecimento e conexão, que tenham uma abordagem voltada para o desenvolvimento de ecossistemas.

Contudo, segundo ele, o que observamos em grande parte do mundo, são sistemas em que pessoas são treinadas para resolver problemas criados por interações de poder onde o foco é: eficiência, resultados numéricos, e como será mantida a centralização deste poder. 

Os desafios para a transformação digital consciente nas diferentes esferas da sociedade

Como explicado anteriormente, existem hoje três esferas igualmente importantes para que a transformação 4.0 aconteça de maneira consciente. A primeira delas diz respeito às pessoas em geral, que no seu dia a dia enfrentam problemas que precisam ser resolvidos – com mais agilidade e ou eficiência – e que podem também ser consideradas como os usuários de plataformas e dos sistemas operacionais.

Aqui, precisamos dar nossa atenção especialmente para pessoas que estão em situação de vulnerabilidade social, e nos conectar com elas de maneira profunda para identificarmos qual o problema vai precisar da nossa ação coletiva, e como iremos agir para resolvê-los.

A segunda esfera, é a dos desenvolvedores dessas tecnologias – plataformas -, ou seja, todos os profissionais de humanas, saúde, e exatas que trabalham produzindo cientificamente as respostas para as principais questões e desafios. A era da indústria 4.0 passou a ser o solo fértil para esse nível, já que nunca foi tão fácil participar do desenvolvimento graças ao avanço de plataformas e sistemas que facilitam os processos.

Nesta segunda esfera, é importante identificar o que está sendo feito, e se os desenvolvedores reproduzem os mesmos erros ou vieses do mundo físico. Quais padrões precisamos trabalhar em conjunto para começar a quebrar, e seguir rumo ao futuro que desejamos no campo físico e virtual.

A terceira esfera é caracterizada pelos atores que gerenciam e tomam as decisões mais importantes para que o mindset 4.0 aconteça. Esses atores podem ser representantes de instituições públicas, privadas, filantrópicas, ou até figuras públicas independentes.

Nesta terceira esfera, o que precisa ser atualizado é a forma como o sistema opera como um todo trazendo uma mudança de foco em direção à ação dos principais agentes que trabalham na manutenção do sistema.

(Fonte: kindelmedia7/Pexels/Reprodução)

Sistemas interconectados e o futuro compartilhado

Na era 4.0 não basta entender e ter clareza do que acontece, e porque acontecem as coisas, é preciso organizar essa informação e acessá-la de uma maneira cada vez mais humana. E, assim, a Teoria U propõe que enquanto profissionais parte integrante desse sistema, temos que fomentar espaços de diálogo e troca, como espécies de comunidades – virtuais e físicas – e assim, buscarmos acessar e colocar em prática com mais profundidade, as ações coletivas para os desafios já entendidos por nós.

Para Scharmer, no nosso atual sistema interconectado – fruto da indústria 4.0 –  já estão presentes, e contribuem participando, as diversas esferas da nossa sociedade, mas o principal problema é o da desconexão entre as partes. A solução mais efetiva seria utilizarmos essas ferramentas para não só acessar os problemas e aprender sobre as soluções, mas também trabalhar em co-criação para fomentar diferentes plataformas ecossistêmicas que colaboram entre si. 

Nesse sentido, é imprescindível trabalhar lado a lado com a ciência e valorizar metodologias educacionais que nos façam não só ter uma visualização de quem somos, onde estamos, e qual pode ser o nosso papel real e concreto dentro dos sistemas interconectados que fazemos parte. 

(Fonte: MaraCarneiro/Reprodução)

Educação consciente para que mudanças aconteçam

A professora Mara Carneiro, explica que algumas metodologias de gestão e inovação podem nos direcionar para um processo de transformação digital com foco na expansão da consciência. Primeiro, essas metodologias nos direcionam a entender e acessar os problemas reais da nossa sociedade, e mais do que isso, como nossos hábitos e atitudes impactam o sistema como um todo. Então, quando falamos de expansão da consciência, estamos na verdade vendo “fichas caírem”, e não existe um outro caminho, se não tentar mudar o nosso modelo mental para ação em direção ao futuro que desejamos. 

Mara explica como metodologias de inovação – como a Teoria U – que propõem um mergulho no desconhecido através de imersões podem ajudar pessoas que ocupam todas as esferas da sociedade a entender a fundo quais problemas precisam ser solucionados. Depois dos “mergulhos” nessas novas realidades, passamos a entender como, onde e quando podemos agir para que transformações aconteçam.

A especialista, que tem seu trabalho inspirado na teoria de Scharmer, já realizou imersões com foco em inovação em diversos lugares ao redor do mundo, como a Sociedade Matriarcal da minoria étnica Mosuo, na província de Yunnan, na China. Mara explica que a jornada de imersão é como se tivéssemos a oportunidade de virar uma página na nossa mente.

Chegamos no novo ambiente com coração e mente abertos para deixar de lado o que sabíamos – e que achávamos ser verdade absoluta -, e ali, podemos anotar as novas ideias a partir da percepção real. Os profissionais que buscam inovar com consciência na era 4.0 precisam se desprender da síndrome do copo cheio, – onde ao buscar respostas para os problemas, precisam ter coração e mente abertos – e assim, estar aptos para absorver todo o novo conhecimento, esquecendo os paradigmas do passado.

Para se desenvolver na era 4.0 de sistemas operacionais conscientes, a professora nos direciona da seguinte maneira:

1. Questione sempre: esteja disposto a transformar as suas afirmações e certezas em perguntas, esse hábito faz com que o profissional saia da zona de conforto ao buscar respostas;

2. Saia do automático: aventure-se em lugares novos e até mesmo desconfortáveis, onde perguntas e novos questionamentos irão ajudar para que novas informações apareçam; e

3. Tenha um mindset de iniciante: busque se alinhar sempre com o modelo mental de eterno aprendiz – que tem uma folha em branco – para anotar todas as novas informações que aparecem nas jornadas, conversas, e cursos.

Você quer aprender mais sobre transformação 4.0, tecnologia, e inovação, a partir do caso Chinês de desenvolvimento? Saiba mais e inscreva-se através do link.

*Thauana Morais é Diretora de Recursos da Observa China, e fundadora da auspicious woman e SheUp Community;

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