Inovação em processos: principais abordagens para geração de valor
Por Renata Paes Leme Roquette*
Diante do cenário macroeconômico atual, o governo vem adotando medidas como políticas monetárias contracionistas com objetivo de diminuir a alta inflação e a demanda por crédito. Devido aos maiores custos, as empresas acabam retraindo os investimentos, gerando impacto, principalmente, em inovações.
Contudo, por mais que acabem ficando em segundo plano nas agendas das organizações ao serem associados a resultados imprevisíveis e de longo prazo, os investimentos em inovação não podem ser deixados de lado pelas empresas que querem manter sua participação no mercado.
Com este cenário desafiador, uma das recomendações principais é focar, inicialmente, em inovações que apresentam maior velocidade no resultado a curto prazo como um primeiro passo rumo a iniciativas mais estruturadas. Um caminho para seguir é justamente a inovação em processos.
Inovação em processos
Uma organização é considerada inovadora quando insere um produto no mercado, implementa um processo novo ou evolui procedimentos pré-existentes, maximizando sua entrega de valor. É preciso desenvolver, criar ou aprimorar algo novo que gere utilidade para a empresa perante o mercado e/ou a sociedade.
Sob a perspectiva de processos, a inovação visa utilizar novas ideias para transformar uma ou mais etapas da cadeia de valor e consiste em um exercício contínuo capaz de aumentar a eficiência, reduzir custos ou melhorar a qualidade de execução.
Essa inovação pode ser originária tanto de recursos internos quanto externos, ou até mesmo pela utilização de ambos em conjunto.
Quando a empresa opta por utilizar recursos externos, nos referimos ao conceito de Open Innovation, que consiste em atingir a inovação por meio da colaboração de stakeholders como clientes, fornecedores, startups e outros parceiros.
Aqui, a empresa se utiliza do conhecimento e informações externas para melhorar processos ou desenvolver produtos ou serviços, gerando ideias que não dependem exclusivamente de meios da organização.
Exemplos de Open Innovation
Um exemplo de propulsor para a inovação aberta é o compartilhamento de dados entre as empresas a partir de APIs (Application Programming Interface) abertas, como o que ocorre no Open Banking e no Open Insurance.
O acesso a um maior escopo de informação permite o aprimoramento de processos, entre outras melhorias na cadeia de valor das empresas que impactam diretamente na experiência do cliente ou do colaborador.
Por onde começar, para onde ir
Contudo, mesmo as empresas que já entendem os benefícios de investir em inovação ainda pecam por falta de planejamento e estruturação. Em um cenário de alto risco, é imprescindível ter clareza do ponto de partida e do objetivo das iniciativas que serão implementadas.
Atualmente, existem algumas práticas estruturadas com foco na geração de valor que podem fazer a diferença na hora de iniciar.
Visto que abordagens tradicionais já não se adequam mais às soluções demandadas pelo mercado, o VCO (Value Creation Office) e as abordagens combinadas de Design Thinking, Lean Startup e Agile prometem maior entrega de valor.
Principais Abordagens
O VCO cria uma abordagem estruturada para a inovação em processos, garantindo melhores práticas de gestão. Pode ser utilizado levando em consideração a inovação como resultado de fluxos de trabalhos com papéis, responsabilidades e prazos bem definidos.
Para isso algumas etapas devem ser seguidas:
1. Analisar o contexto e definir o objetivo do que se quer solucionar
2. Definir a governança dos envolvidos (stakeholders internos e externos)
3. Entender o processo e mapear as dores ao longo da jornada
4. Priorizar os gargalos da jornada utilizando engenharia de valor
5. Desenhar soluções para as dores priorizadas (definindo novos processos ou evoluindo processos atuais)
6. Elaborar piloto
7. Realizar melhoria contínua e medir os resultados por meio de indicadores
É importante ressaltar que, como forma de aumentar a probabilidade de retorno das ações implantadas, sugere-se estabelecer o piloto para testar hipóteses em um contexto de menor risco. Desta maneira, pode-se escalar de forma incremental através de ciclos curtos com entregas contínuas com foco em promover a melhoria do processo envolvido.
Em paralelo, as abordagens de Design Thinking, Lean startup e Agile contribuem para acelerar a entrega de valor e são utilizadas para dar suporte colaborativo com todos os stakeholders. As etapas de entendimento profundo das dores e desenho de soluções aumentam a assertividade e inclui a perspectiva do cliente na construção.
Entenda abaixo os objetivos do uso agrupado dessas abordagens:
– Design thinking: busca, através da empatia e da vivência de uma realidade nova, entender o consumidor de modo a identificar seus problemas e criar soluções assertivas. As perguntas a serem respondidas devem estar focadas nas necessidades e desejos desses consumidores.
– Lean Startup: consiste em, por meio de experimentos e testes, concretizar as ideias estabelecidas pelo Design Thinking em uma solução mínima viável para testar a solução, evitando desperdícios de tempo e dinheiro.
– Metodologias ágeis: utilizadas para avaliar e melhorar continuamente a solução estabelecida no Lean Startup a partir de ciclos curtos de entregas incrementais (sprints) e por meio da formação de times multidisciplinares.
Cultura de inovação
Muito além de iniciativas pontuais, a inovação em processos é uma jornada que requer um mindset de melhorias contínuas.
Ainda que tenha todas as ferramentas disponíveis, a empresa que embarcar nessa jornada precisa ter maturidade para inovar. Atuando na companhia como um todo, deve-se estabelecer uma cultura de inovação colaborativa que alia capacitação de equipes com líderes que realmente estimulem novas sugestões.
A empresa que se atentar aos principais pilares e pontos de atenção, realizando experimentos e melhorias contínuas, estará no caminho certo para maximizar o potencial de suas iniciativas.
Renata Paes Leme Roquette é líder de Projetos da Peers com 8 anos de experiência em consultoria. Especialista em Value Creation em indústrias de varejo, banking, insurance e educação. Formada em Administração pela FGV (São Paulo) e MBA na EADA Business School (Barcelona).
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