ING vê o fim do ciclo de incertezas no Brasil e não descarta mais cortes da Selic
A reunião desta semana do Copom deve trazer uma nova redução da taxa Selic e deixar de lado a pressão sobre o real, que tem se desvalorizado contra o dólar.
Essa é a opinião do ING, que considera que o choque negativo provocado pelo surto de coronavírus também aumentou a possibilidade de novos cortes serem considerados.
O documento do ING destaca que o Banco Central não fechou as portas para cortes adicionais de taxas na reunião de dezembro. No final do ano, o banco agiu de acordo com o consenso do mercado e reduziu a Selic em 50pb para 4,5%.
Além disso, o texto mostra que as declarações públicas recentes membros do BC alimentaram ainda mais as expectativas de que o banco estava confortável o suficiente com as perspectivas de inflação para aprofundar o ciclo de flexibilização, apesar do recente aumento da inflação global.
Isso mexeu com o mercado, que passou a se consolidar em um consenso de novo corte nesta semana.
Apesar do recente aumento da inflação, de 2,5% em outubro para 4,3% agora, as expectativas de inflação permanecem totalmente ancoradas e abaixo da meta para 2020, enquanto o ritmo moderado da recuperação da atividade econômica sugere que a margem monetária o estímulo deve permanecer amplo no futuro próximo.
No entanto, a política monetária já é bastante expansionista, com taxas reais atingindo agora mínimos de 1%, contra níveis neutros, possivelmente na faixa de 3-4%.
Além disso, o real brasileiro enfraqueceu-se consideravelmente nos últimos meses, com o USD/BRL consolidando-se agora acima de 4,20.
Na visão dos analistas, a incerteza sobre o impacto que os cortes de taxas continuariam a ter sobre os mercados de câmbio é o principal argumento do Bacen para evitar cortes adicionais de taxas.
Mas, apesar dos riscos cambiais, os preços de mercado de um último corte na taxa de 25 pb devem inclinar o saldo em favor de um corte na quarta-feira, levando a taxa Selic para 4,25%.
Além disso, o risco de um choque externo mais profundo, impulsionado pela China, poderia levar o BACEN a manter a porta aberta para novos cortes.
O ING prevê crescimento do PIB de 2,7% em 2020, acima da previsão do mercado de 2,3%.