Infracommerce (IFCM3): O que falta para ação subir? CEO lista 3 pontos
As ações da Infracommerce (IFCM3), seguindo o embalo das empresas de tecnologia listadas na B3 (B3SA3), têm registrado uma performance aquém do esperado.
Na contramão do Ibovespa, que acumula uma valorização de 14% em 2022 devido, principalmente, a ao fluxo de capital estrangeiro, os papéis da empresa de soluções digitais para e-commerce caem 14,4%.
Em entrevista ao Money Times, Kai Schoppen, CEO da Infracommerce, reforça que essa queda não surpreende e é, inclusive, um movimento comum nas condições atuais em que o Brasil se encontra, de inflação e juros elevados.
Em momentos de pressão inflacionária e ciclo de alta de juros, as ações de empresas de tecnologia e varejo costumam ser as mais impactadas. Isso acaba sendo um “golpe duplo” para a Infracommerce, que tem grande exposição a esses dois setores.
Schoppen acrescenta que outro motivo que explica por que as ações da empresa operam no vermelho é o fato de ela ser uma small cap.
“Estamos vendo que os fundos americanos estão tirando dinheiro da Rússia e colocando no Brasil. Às vezes, até dos Estados Unidos, por conta da inflação alta. São os primeiros sinais da robustez do mercado brasileiro. Se você olha o Ibovespa nos últimos meses, já está chegando. Mas não está chegando ainda nas small caps. Em momentos de volatilidade, é uma coisa muito comum. Investidores ficam com bens que têm maior liquidez”, lembra o executivo.
Para recuperar o fluxo e fazer as ações voltarem a subir, Schoppen avalia três saídas:
- queda nos juros;
- aumento de liquidez diária;
- boa execução da empresa.
Tais fatores podem não demorar muito para acontecer. Pouco após a elevação da taxa básica de juros do Brasil, a Selic, para 11,75%, o Banco Central (BC) sinalizou que o ciclo de elevação dos juros no país está perto de terminar, com a Selic atingindo 12,75% em maio.
No quesito liquidez de ações, Schoppen diz que esse é um ponto que a Infracommerce deveria ter mais como foco.
A Infracommerce está perto de completar um ano como empresa aberta. A companhia realizou sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) no início de maio do ano passado, mas com esforços restritos de colocação – ou seja, a operação ficou disponível apenas a investidores qualificados.
“Em novembro, naturalmente, depois de 18 meses, a gente vai entrar no [ICVM] 400. Então, a pessoa física vai entrar na nossa base de sócios. Isso naturalmente vai trazer volume de liquidez adicional”, explica o CEO.
De volta à lucratividade
A execução, terceiro e último ponto levantado por Schoppen, é uma das peças-chave para a Infracommerce.
A companhia tem atuado na expansão de suas operações, em linha com o crescimento da base de clientes, e segue trabalhando para consolidar o mercado via aquisições (entre elas, Synapcom e TEVEC).
A Infracommerce também “apertou o pé no acelerador” para expandir as operações da sua plataforma, mantendo o objetivo de tornar a experiência de seus clientes mais assertiva e com a mesma robustez de um grande marketplace, como o Mercado Livre.
“A ideia é de pisar no acelerador, ganhar bastante escala e, com essa escala maior, voltar para a lucratividade que comprovamos no passado”, conta o Schoppen.
A Infracommerce encerrou 2021 com margem bruta em níveis saudáveis de 48,5%. A receita líquida disparou quase 80% em relação a 2020, para R$ 422,6 milhões, com o GMV (volume bruto de mercadorias) totalizando R$ 7 bilhões.
Mesmo assim, o prejuízo da companhia aumentou de R$ 6,5 milhões para R$ 39,1 milhões, devido aos investimentos realizados no período – principalmente M&As (fusões e aquisições).
Para 2022, a Infracommerce está trabalhando com um guidance de R$ 13 bilhões de GMV e R$ 950 milhões de receita líquida.
“Se a gente crescer nesse nível este ano, entregar um bom resultado no ano que vem e conseguir sinalizar que em 2024 estamos chegando em patamares de lucratividade/Ebitda que o mercado talvez esteja esperando de uma empresa deste tamanho, acho que naturalmente a ação vai andar”, completa Schoppen.
Como driblar a inflação
Atuando com um modelo de negócio que ajuda a digitalização de indústrias e até servindo como intermediador na cadeia de suprimentos, a Infracommerce é uma ferramenta que consegue absorver a inflação em vez de repassar ao consumidor final, afirma o CEO.
“A gente, no fim das contas, está se dando muito bem, porque é uma proteção para os clientes dos nossos clientes desses aumentos de inflação”, diz Schoppen.
O executivo destaca a queda nos níveis de custos e o ganho de escala como fatores para mitigar os riscos da inflação.
“Você entrega para o fornecedor escala, dilui o custo fixo para as operações dentro de casa e isso te protege – ou você pode até absorver – contra um potencial aumento de custo”, comenta.
Além da chegada de clientes novos, Schoppen vê as iniciativas de cross selling (vendas cruzadas) como um fator de crescimento para a Infracommerce.
O executivo também está confiante com o mercado de e-commerce brasileiro, apesar da desaceleração nos últimos meses.