Influenciadores de investimentos: Entenda o crescimento de confiança e os desafios regulatórios
Os “finfluencers”, influenciadores digitais que abordam finanças e investimentos, já têm pelo menos 165 milhões de seguidores no Brasil, conforme dados da Anbima.
Mesmo quem não é do ramo percebe que o acesso à educação financeira está cada vez mais disseminado nas redes sociais, cenário em que se torna crucial distinguir entre aqueles que seguem as normas à risca e os que, lamentavelmente, exploram a falta de regulamentação efetiva.
Essa ascensão gigantesca, especialmente de dez anos para cá, fez surgir uma série de desafios relacionados à confiabilidade das informações e à transparência das práticas desses profissionais. Como saber quem é sério e pode ser levado em conta?
Como saber se um influenciador financeiro é sério?
Diante desse quadro, é louvável destacar influenciadores que adotam práticas responsáveis que mostram zelo ao incluir o selo CNPI — o Certificado Nacional do Profissional de Investimento, obrigatório para analista de valores mobiliários — em suas postagens e recomendações.
O selo não apenas atesta a qualificação como também denota disposição em assumir responsabilidades pela orientação oferecida aos seguidores.
- Por que Bradesco decepcionou o mercado com resultado do 4T23? Analista Larissa Quaresma comenta balanço do bancão e responde o que fazer com as ações agora; Confira no Giro do Mercado:
Os desafios de regulamentar os finfluencers
O alcance dos influenciadores e o crescimento do número de investidores, que já são mais de 17,6 milhões de brasileiros, trazem para o centro do debate a eficácia dos órgãos reguladores de fiscalizar e coibir práticas questionáveis.
No caso da CVM, por exemplo, a burocracia e a escassez de pessoal têm sido um obstáculo para a atuação eficiente, justamente quando urge fortalecer os mecanismos regulatórios.
Sua efetividade pode ficar comprometida pela falta de agilidade nas investigações e na aplicação de medidas corretivas. Casos assim, de demora na resposta a possíveis irregularidades, podem abrir espaços para práticas inadequadas por alguns influenciadores, o que pode ameaçar a confiança dos investidores e a credibilidade do mercado.
Uma abordagem pertinente é reforçar que somente analistas CNPI estão capacitados para recomendar produtos de investimento de forma abrangente.
A recomendação ampla, baseada em análises de mercado, é um instrumento valioso, mas requer cuidado ao ser seguida cegamente. Os investidores devem estar cientes de que a responsabilidade do analista é limitada, uma vez que ele pode oferecer sugestões sem conhecer individualmente cada cliente.
Por outro lado, as recomendações mais específicas, provenientes de profissionais que conhecem o perfil do investidor, como aqueles com a CEA, apresentam uma abordagem mais personalizada, alinhada às características e objetivos específicos de cada investidor.
Diante do que expus, avalio que a presença dos influenciadores digitais no mercado financeiro carrega desafios e oportunidades. Atuar em conformidade com as regras é fundamental para garantir recomendações seguras aos investidores e proteger todo o mercado.
Por isso, é fundamental fortalecer os mecanismos regulatórios e que os investidores sejam instruídos a conhecerem a fundo a trajetória de quem seguem nas plataformas digitais.