Inflação x Selic: Número abaixo do esperado pode impulsionar cortes? Veja o que dizem economistas
Nesta quarta-feira (10), foi divulgado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do Brasil. O índice subiu 0,16% em março, apontando para uma desaceleração em relação à alta de 0,83% apurada em fevereiro.
O número ficou abaixo das expectativas do mercado, que projetavam uma desaceleração de 0,24% no mês. O estrategista-chefe da Warren Investimentos, Sérgio Goldenstein, avalia que o IPCA de março foi positivo, tendo em vista que, além de ter ficado abaixo das expectativas, a sua composição foi benigna, com desaceleração dos núcleos.
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Sobre o impacto que o dado pode ter na taxa Selic, Goldenstein avalia que, visto de forma isolada, deve ser avaliado positivamente pelo Copom (Comitê de Política Monetária). No entanto, ele destaca que os próximos números serão importantes para verificar se o avanço da desinflação é consistente.
“Porém, vale ressaltar que o ambiente externo está mais adverso. O CPI divulgado hoje nos EUA ficou acima do esperado, o que pressionou as taxas das treasuries e valorizou o dólar globalmente. Assim, isso representa um risco de uma postura mais cautelosa por parte do Copom”, pondera.
A analista Lais Costa, da Empiricus Research, avalia que o tom positivo do IPCA hoje ajuda na Selic, visto que está em aberto se as próximas reuniões irão manter o ritmo de corte em 0,50 ponto percentual (p.p.), reduzir para 0,25 p.p ou até mesmo interromper o ciclo devido à dinâmica inflacionária.
“Esse número de hoje dá esse conforto para o Banco Central cortar em 0,25 p.p, na outra reunião [após o próximo corte esperado em 0,50 p.p.], mas uma possível revisão da inflação de 2025 para cima no Focus deve começar a incomodar”, avaliou durante o programa Giro do Mercado, que você pode conferir na íntegra clicando no vídeo abaixo.
Selic não deve ter queda acelerada pelos dados de inflação
Por outro lado, Juliana Inhasz, economista do Insper, avalia que essa inflação bem desacelerada não deveria impactar a decisão de juros da próxima reunião, visto que a definição da taxa de juros olha para frente, e não para trás.
“Existe uma percepção de que agora a taxa desacelera muito porque em fevereiro teve reajustes de cursos regulares, escolas, entre outros, e existe o represamento de alguns preços agora em março”, pondera.
Ela explica que o grupo transporte está bem abaixo, mas existe uma defasagem considerável do combustível. “Me parece que essa queda agora pode ser pontual. As pressões para os próximos meses continuam existindo”, diz.
Inhasz ressalta que, apesar de um agregado mais baixo, a qualidade dessa inflação mais baixa não tem mostrado grandes avanços para que a taxa de juros possa ser reduzida com mais velocidade.
“Como o preço dos alimentos continua subindo, entende-se que deveria se pensar em reduzir a taxa de juros numa velocidade menor, até porque o endividamento das famílias está subindo”, explica.