Inflação veio abaixo do esperado, mas ainda não é batalha vencida
Em janeiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,53%. O resultado da inflação veio abaixo das projeções de +0,57% e também representa uma desaceleração quando comparado com alta de 0,62% apurada em dezembro.
No entanto, os economistas entendem que o momento ainda não é de comemoração. Pois, apesar da melhora nos números, os núcleos se mostraram relativamente acima do esperado.
Já o índice de difusão, que mostra o porcentual de itens com que aumentaram de preços no mês, caiu de 68,9% para 63,1% em janeiro. O sinal é de melhora, mas o número continua em níveis elevados.
Além disso, a inflação de serviços subiu no mês passado. Em janeiro, os preços no grupo aumentaram em 0,60% ante os +0,44% de dezembro. Com isso, o acumulado de 12 meses passou de 7,58% para 7,80% – um patamar elevado e de grande preocupação para o Banco Central.
“De forma geral, acreditamos que a inflação veio dentro do esperado, mas ainda não é uma batalha vencida”, afirma Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
Para a inflação de fevereiro, ele projeta que o IPCA pode sofrer uma pressão frente ao reajuste recente nos preços da gasolina realizado pela Petrobras (PETR3; PETR4), mas que pode ser parcialmente contrabalanceada pela redução feita pela companhia sobre os preços do diesel.
Inflação: Risco fiscal e atrito com Banco Central
Jason Tuvey, economista-sênior de mercados emergentes da Capital Economics, destaca que a inflação permanece acima da meta e a política inda vai interferir nos próximos meses.
“Os riscos fiscais persistindo e a independência do Banco Central sendo questionada, os cortes nas taxas de juros são improváveis até o quarto trimestre, no mínimo”, disse em relatório.
A preocupação com os impactos do risco fiscal e guerra de Lula com o Banco Central também é apontada por Felipe Sichel, economista-chefe do Banco Modal.
“Tanto o headline como sua composição foram melhores do que esperado, retomando parte do otimismo. No entanto, o debate de curto prazo para a condução da política monetária segue contaminado por discussões em torno da meta de inflação, o que tem evidente impacto sobre as expectativas.”