Inflação sob controle favorece títulos de mercados emergentes
Uma grande era para títulos de mercados emergentes pode estar apenas começando, segundo um estudo das taxas de equilíbrio.
Depois que esses títulos reduziram o spread de rendimento sobre a dívida do G-7 em 100 pontos-base desde o pico de 2018, um cenário desinflacionário de longo prazo deve fazer com que esse tema persista por muitos anos.
A inflação média projetada para um grupo de países em desenvolvimento será de 4,74% de 2026 a 2031 em relação a uma média de 5,25% nos últimos cinco anos, de acordo com a análise.
No caso do Brasil, a inflação média dos últimos cinco anos foi de 4,57%, frente uma perspectiva para 2021 a 4,56%, o que representa uma variação de menos 0,o1%, segundo análise da Bloomberg.
“A perspectiva desinflacionária oferece um ganho de capital potencial e um alto rendimento estável com dívida de mercados emergentes”, disse Akira Takei, gestor de renda fixa global Asset Management One, em Tóquio, que administra cerca de US$ 510 bilhões.
“A pandemia ainda não cedeu, então, no geral, as economias globais registram pressão inflacionária moderada.”
A inflação é um componente importante para o retorno no mercado de renda fixa, como mostrado pela queda dos títulos públicos globais em janeiro, quando o governo Biden anunciou que distribuiria US$ 1,9 trilhão em estímulos adicionais nos EUA.
Os Treasuries coordenaram a queda, criando oportunidade para que regiões com pressões de preços mais moderadas atraiam mais fluxos.
Títulos de dívida de mercados emergentes em moeda local caíram 0,4% no mês passado, menos de 30% da queda registrada por pares do G-7.
O swap de inflação de cinco anos dos EUA, que mede as expectativas de inflação futura na maior economia do mundo, subiu para 2,45% nesta semana, em relação à mínima de 0,97% durante a onda vendedora do coronavírus em março.
A leitura mais recente do índice de preços ao consumidor foi de 1,4% em dezembro. Os dados de janeiro saem na próxima semana.
A inflação também pode ser mantida sob controle em países em desenvolvimento pela previsão de distribuição mais lenta de vacinas, o que reforça a perspectiva de que a pandemia causará danos duradouros a alguns desses países.
“Vejo a pandemia como uma redução do potencial de crescimento geral das economias emergentes”, disse Kota Hirayama, economista sênior de mercados emergentes da SMBC Nikko Securities, em Tóquio. “A inflação pode acabar se estabilizando em níveis historicamente baixos nessas economias.”
Metodologia
As taxas de equilíbrio futuro foram derivadas de títulos dos governos indexados à inflação de cinco e 10 anos emitidos por sete países em desenvolvimento, exceto o México, onde títulos de cinco e oito anos foram usados.
Os países foram selecionados com base nos componentes do índice Bloomberg Barclays Emerging-Market Local-Currency Government.
A média foi ponderada pelo PIB nominal de cada país.