Inflação sob controle alimenta otimismo de Campos Neto e companhia em relação à Selic
A inflação sob controle concretiza a visão otimista do Banco Central em relação à política monetária brasileira. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,26% em setembro. Nos primeiros nove meses do ano, a alta é de 3,50% e, em 12 meses, de 5,19%.
Os especialistas do mercado esperam que o Comitê de Política Monetária (Copom) siga com cortes de 0,50% na Selic nas duas próximas reuniões do ano, levando a taxa a 11,75%. O patamar dos cortes, no entanto, não deve aumentar por enquanto, devido à incerteza global.
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O economista André Perfeito afirma que o mercado deve manter as projeções de Selic em 9% ao final do ciclo. Se isso for confirmado, o Brasil deve observar um Produto Interno Bruto (PIB) mais forte em 2024. “Atualmente, projeto PIB em 2% para o ano que vem, mas as chances hoje são maiores para 3%”, avalia.
Perfeito ainda ressalta que o Brasil pode entrar em um momento de euforia devido ao arrefecimento da inflação, juros em queda, maior força na atividade e por ser uma economia “longe” dos problemas geopolíticos atuais.
“Esta é uma situação inédita no sentido de certo deslocamento da dinâmica global, mas é uma hipótese que devemos considerar”, diz.
Inflação sob controle
Em setembro, os preços de seis dos nove grupos de produtos e serviços do IPCA tiveram alta. O maior impacto positivo (0,29 p.p) e a maior variação (1,40%) vieram de transportes, seguido por habitação (0,47% e 0,07 p.p.).
No lado das quedas, destaca-se o grupo alimentação e bebidas, cujos preços caíram pelo quarto mês consecutivo (-0,71% e -0,15 p.p.).
Apesar da ligeira aceleração na margem, a inflação apresentou número menor que o esperado e uma abertura mais positiva, diz o chefe de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, João Savignon.
Em relação aos serviços, que aceleraram no mês, os demais itens que compõem o índice mostraram um qualitativo benigno. “Difusão muito baixa e as diversas medidas de núcleos bem-comportadas”, avalia.
Savignon ainda chama atenção para o movimento de alimentos e bens industriais, que seguem com uma dinâmica bastante favorável.
“As aberturas do dado de hoje reforçam a dinâmica recente da inflação no país e o plano de voo do Banco Central no ciclo de cortes de juros”, diz.
Para os próximos meses, Andre Fernandes, chefe de renda variável da A7 Capital, diz que, para o próximo mês, os combustíveis devem continuar dando o tom do IPCA. “Como o petróleo voltou a subir por conta da guerra, pode haver novos reajustes nos preços da gasolina e diesel pela Petrobras”, afirma.