Economia

Inflação seguirá alta e quem diz isso não é o Banco Central, mas sim os balanços do 1T23; entenda

21 maio 2023, 9:00 - atualizado em 19 maio 2023, 15:28
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Os balanços das empresas mostram que o Banco Central está certo quando diz que a inflação deve permanecer alta por um tempo mais longo do que o esperado. (Imagem: Shutterstock)

A temporada de balanços do primeiro trimestre de 2023 terminou nessa semana e, no geral, a maioria das empresas entregou resultados acima do esperado. Também foram registrados bons resultados operacionais e melhoria nos lucros.

André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, destaca que resultados positivos foram vistos nos setores de bens de capital, construtoras e educação. Por outro lado, o agronegócio deixou a desejar, com  50% das empresas do setor apresentando resultados abaixo do esperado.

“Lembrando que ao observarmos o IPCA nos meses de janeiro, fevereiro e março, o setor de alimentos veio desacelerando nesses três meses. Então, era um sinal amarelo em relação aos resultados das empresas do setor agro”, afirma.

Inflação à vista

No entanto, os balanços das empresas mostram que o Banco Central está certo quando diz que a inflação deve permanecer alta por um tempo mais longo do que o esperado.

Fernandes aponta que, entre os resultados, chama a atenção principalmente os setores ligados a serviços, o que indica que o setor segue aquecido. Isso deve continuar a pressionar os núcleos da inflação e dificultar o trabalho do Banco Central para conseguir baixar os juros.

Na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central destacou que, para o segundo trimestre, é, sim, esperada uma queda relevante na inflação acumulada em doze meses em função do efeito base do ano anterior.

Em maio e junho de 2022, o IPCA mensal se encontrava abaixo do 1% e isso vai influenciar nos números acumulados dos próximos meses. Além disso, entre julho e setembro, o país registro deflação. Por outro lado, o segundo semestre deve ser marcado por uma volta na alta dos preços.

“No segundo semestre, como os efeitos das medidas tributárias que reduziram o nível de preços no terceiro trimestre de 2022 não estão mais incluídos na inflação acumulada e ainda se terá a inclusão dos efeitos das medidas tributárias deste ano, se observará elevação do mesmo indicador”, aponta o texto.

Por isso, que o Banco Central optou pela manutenção da Selic no patamar de 13,75%, no qual está desde agosto do ano passado. As projeções do mercado são de que o ciclo de alívio da taxa básica de juros comece em setembro.

O problema, segundo Heitor De Nicola, especialista de Renda Variável e sócio da Acqua Vero, é que os juros em patamares altos deixam o momento desafiador e exigem disciplina administrativa por parte das companhias para manter a saúde financeira das empresas nos próximos trimestres.

“Destaque para as empresas de serviços básicos, que seguem mostrando resiliências em períodos desafiadores como o de agora. No outro lado, atenção segue nas empresas ligadas ao consumo, principalmente varejo. Em geral, foram empresas muito afetadas pelo ciclo de alta nos juros e que, apesar da melhora, ainda enfrentam um momento turbulento”, diz.

Para o 2t23

Para o segundo semestre, a expectativa é de que essa tendência de melhora nos resultados dos balanços siga aquecida. O destaque deve ir para o setor de commodities, principalmente do setor ligado a metais e empresas que trabalham principalmente com materiais como cobre e níquel, que vem ganhando espaço aceleradamente na demanda global.

Outro setor que deve surpreender positivamente é o de proteína animal. “Empresas como JBS e Marfrig, que tem um forte mercado nos Estados Unidos, devem ter um segundo trimestre melhor. Alta da arroba do boi nos EUA já começou a cair e deve ter impacto positivo sobre o resultado delas”, afirma Fernandes.

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