Banco Central Europeu (BCE)

Inflação recorde de dois dígitos aumenta pressão sobre BCE

30 set 2022, 7:48 - atualizado em 30 set 2022, 7:48
BCE
Energia e alimentos mais uma vez impulsionaram a inflação, mas o índice subjacente que exclui estes itens também superou as estimativas (Imagem: REUTERS/Kai Pfaffenbach)

A crise econômica da zona do euro se intensificou, com inflação recorde de dois dígitos que aumenta a pressão sobre o Banco Central Europeu para continuar a aumentar juros agressivamente.

Os preços ao consumidor subiram 10% em setembro em relação ao ano anterior, segundo dados da Eurostat na sexta-feira.

O número superou a previsão mediana de 9,7% em pesquisa da Bloomberg com economistas.

É o quinto mês consecutivo em que o resultado sai acima do consenso.

Energia e alimentos mais uma vez impulsionaram a inflação, mas o índice subjacente que exclui estes itens também superou as estimativas e atingiu uma máxima histórica de 4,8%.

Dados assim foram críticos nas decisões de política monetária anteriores, e os últimos números provavelmente estimularão pedidos de mais uma alta grande na próxima decisão do BCE em 27 de outubro.

Esta semana, o mercado começou a precificar um segundo aumento de 0,75 ponto percentual.

“O próximo passo tem que ser grande porque ainda estamos longe de juros consistentes com 2% de inflação”, disse Martins Kazaks, membro do Conselho do BCE, em entrevista esta semana em Vilnius, Lituânia, onde a disparada de preços foi de 22,5%. “Eu concordaria com 75 pontos-base.”

Apesar de terem acentuado o combate à inflação com um movimento desse tamanho em setembro, as autoridades do BCE também procuraram diferenciar a situação da zona do euro e a dos EUA, insistindo que a disparada de preços na região é muito mais impulsionada pela oferta do que pela demanda do consumidor.

Mesmo assim, os formuladores de política monetária ficarão nervosos com mais um recorde.

Boris Vujcic, o governador do banco central croata que se juntará ao Conselho do BCE em janeiro, alertou em entrevista publicada esta semana que “quando a inflação está alta, quando se aproxima dos níveis de dois dígitos, pode se tornar uma doença em si mesma”.

Com a Rússia privando a Europa de gás e o inverno no hemisfério norte se aproximando, as autoridades se preparam para meses ainda mais difíceis.

Os aumentos de preços podem acelerar ainda mais em alguns países, enquanto recessões se tornam cada vez mais prováveis.

As últimas previsões da OCDE coincidem com essa visão.

Na segunda-feira, as autoridades elevaram sua projeção para a inflação na zona do euro no próximo ano em 1,6 ponto percentual, para 6,2%, superando visivelmente a perspectiva do próprio BCE.

Horas depois, o presidente do BCE Christine Lagarde reiterou que seus funcionários também veem o perigo de um resultado mais alto.

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