Inflação: Próximos meses devem seguir pressionados pela alta dos combustíveis
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA -15) subiu 0,95% em março, conforme divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (25).
Em fevereiro, já havia subido 0,99%. O índice, que é uma prévia da inflação oficial do país, mede a variação na primeira quinzena do mês e não atingia patamares tão elevados para um mês de março desde 2015.
Pesando no bolso
O valor foi puxado pela alta nos preços dos alimentos. Para este grupo, os preços subiram 1,95%. Para a saúde e cuidados pessoais, o aumento nos preços foi de 1,30%, enquanto o botijão de gás 1,29% ficou mais caro.
O setor de transportes teve a alta de 0,68% freada pela queda de 7,55% no preço de passagens aéreas. Dentro do mesmo grupo, os transportes por aplicativo ficaram 7,91% mais caros, enquanto o seguro de veículo aumentou 3,82% e o óleo diesel encareceu 4,10%.
A inflação acumulada nos últimos 12 meses no país, atualmente em 10,79%, já completa 7 meses na casa dos dois dígitos.
IPCA-15 superou previsões
O valor veio acima do esperado pela grande maioria dos agentes de mercado. Para a Ativa Investimentos, a alta prevista era de 0,81%.
A corretora também cita divergência no preço da gasolina, que era cotado para ceder 0,12%, mas subiu 0,83%. No dia 10 de março, a Petrobras (PETR4) ajustou o preço da gasolina em quase 19%, após uma alta nos preços do petróleo no mercado internacional.
Após o ajuste, o preço médio do litro da gasolina comum ultrapassou os R$7 em quase todos os estados do país. Segundo o mais recente levantamento realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Piauí é hoje o Estado com o litro mais caro do Brasil, a aproximadamente R$ 7,992.
A Ativa prevê que o mês de março fechará com inflação em torno de 1%, e considera o cenário digno de atenção. “Não tem como afirmar que a divulgação foi benigna”, afirmou.
Para a MCM Consultores, a expectativa do IPCA-15 era ainda menor, de 0,75%. Após a divulgação, a consultora prevê que o nível de inflação em março deve ultrapassar os 1% devido à alta nos preços dos combustíveis, atingindo 1,25%.
Já o Itaú Unibanco, que esperava uma alta de 0,89% para a primeira quinzena do mês, projeta um IPCA de 1,31% em março, 1,11% em abril e -0,26% em maio.
Os próximos dois meses continuarão pressionados pelos reajustes recentes de gasolina, gás de botijão e diesel na refinaria pela Petrobras, “considerando que o repasse tem sido mais alto e mais rápido para o consumidor”.
O banco ainda avalia que o pico da inflação deve ficar ligeiramente abaixo de 12% em abril. “Esperamos alívio na leitura de maio, com mudança da bandeira de escassez hídrica para amarela”, dizem os analistas.