Economia

Inflação oficial, IPCA surpreende e sobe apenas 0,13% em maio, menor taxa desde 2006

07 jun 2019, 9:53 - atualizado em 07 jun 2019, 9:53
Inflação sobe apenas 0,13%, foi  menor resultado para o mês de maio significando um impacto insignificativo  no consumo dos produtos (Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Por Arena do Pavini

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio variou 0,13% e ficou 0,44 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de abril (0,57%). Foi o menor resultado para um mês de maio desde 2006 (0,10%), informou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A variação acumulada no ano foi de 2,22% e o acumulado nos últimos doze meses foi de 4,66%, abaixo dos 4,94% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em maio de 2018, a taxa havia sido de 0,40%.

O IPCA é usado como referência para as metas de inflação do Banco Central (BC). O mercado esperava alta maior, de 0,20%, segundo a Bloomberg. O índice deve ter impacto sobre as taxas de juros mais curtas e reforçar as projeções de queda no juro básico Selic este ano.

Quatro dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados mostraram deflação em maio. O impacto negativo mais intenso (-0,14 p.p.) sobre o IPCA de maio veio de Alimentação e bebidas (-0,56%), que havia subido 0,63% em abril. No lado das altas, destacam-se os grupos Habitação (0,98%), com impacto de 0,15 p.p., e Saúde e cuidados pessoais (0,59%), com impacto de 0,07 p.p. Os demais grupos ficaram entre a queda de 0,10% em Artigos de residência e a alta de 0,34% em Vestuário.

IPCA – Variação e Impacto por grupos – mensal

Grupo Variação (%) Impacto (p.p.)
Abril Maio Abril Maio
Índice Geral 0,57 0,13 0,57 0,13
Alimentação e Bebidas 0,63 -0,56 0,16 -0,14
Habitação 0,24 0,98 0,04 0,15
Artigos de Residência -0,24 -0,10 -0,01 0,00
Vestuário 0,18 0,34 0,01 0,02
Transportes 0,94 0,07 0,17 0,01
Saúde e Cuidados Pessoais 1,51 0,59 0,18 0,07
Despesas Pessoais 0,17 0,16 0,02 0,02
Educação 0,09 -0,04 0,00 0,00
Comunicação 0,03 -0,03 0,00 0,00

Tomate e feijão dão alívio ao bolso em maio

O resultado do grupo Alimentação e bebidas (-0,56%) deveu-se principalmente à queda de 0,89% observada na alimentação em casa. O tomate, após apresentar alta de 28,64% em abril, caiu 15,08%, e o feijão-carioca acentuou a queda em relação ao mês anterior (passou de -9,09% para -13,04%). As frutas (-2,87%) também recuaram mais intensamente do que em abril (-0,71%). Já o leite longa vida (2,37%) e a cenoura (15,74%) subiram em maio, após apresentarem quedas (-0,30% e
-0,07%, respectivamente) em abril.

Habitação puxa inflação com luz, água e gás

O grupo Habitação (0,98%), por sua vez, apresentou o maior impacto positivo no mês de maio (0,15 p.p.), influenciado principalmente pela alta de 2,18% no item energia elétrica.

Todas as regiões pesquisadas apresentaram variações positivas, que foram desde o 0,23% na região metropolitana do Rio de Janeiro até os 7,32% registrados na região metropolitana de Fortaleza.

O consumo, habitacional  reflete  reajustes principalmente  na cidade de São Paulo (Arquivo/Tomaz Silva/Agência Brasil)

De dezembro de 2018 a abril de 2019, havia vigorado a bandeira tarifária verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz. Em maio, passou a vigorar a bandeira amarela, com custo adicional de R$ 0,01 para cada quilowatt-hora consumido. Além disso, vários reajustes de tarifas foram incorporados.

Ainda em Habitação, a variação de 0,82% na taxa de água e esgoto reflete os reajustes de 4,72% na região metropolitana de São Paulo (3,15%), a partir de 11 de maio, e de 2,99% em Brasília (0,18%), vigente desde 1º de abril. A queda no gás encanado (-0,84%), por sua vez, se deve à redução média de 1,40% nas tarifas residenciais da região metropolitana do Rio de Janeiro (-1,57%), desde 1º de maio.

O gás de botijão, também do grupo Habitação, teve alta de 1,35%, devido ao reajuste médio de 3,43%, autorizado pela Petrobras, nas refinarias, a partir de 5 de maio.

Remédio e perfume sobem menos

A segunda maior variação ficou com o grupo Saúde e cuidados pessoais (0,59%), que também exerceu o segundo maior impacto positivo no mês (0,07 p.p.). Os preços do grupo desaceleraram em relação a abril (1,51%), principalmente devido aos remédios, que passaram de 2,25% em abril para 0,82% em maio, e dos perfumes, que passaram da alta de 6,56% em abril para a queda de 1,61% em maio.

Gasolina puxa Transportes

No grupo dos Transportes (0,07%), destaca-se a gasolina (2,60%), que apresentou o maior impacto individual no IPCA de maio, com 0,11 p.p. Em todas as regiões pesquisadas, houve alta no preço desse combustível, desde o 0,50% registrado na região metropolitana de Porto Alegre até os 7,17% no município de Goiânia.

Já as passagens aéreas, que haviam subido em abril (5,32%), apresentaram queda de 21,82% em maio, contribuindo com o maior impacto individual negativo no índice do mês (-0,10 p.p.).

O combustível, puxando o transporte tem um reajuste considerável médio nas regiões de Fortaleza e Salvador

Ainda nos Transportes, a alta dos ônibus intermunicipais (0,45%) considera o reajuste médio de 10,00% nas passagens da região metropolitana de Fortaleza (1,78%), a partir de 25 de maio, e os reajustes entre 3,30% e 7,50% nas passagens da região metropolitana de Salvador (3,39%), aplicados desde 6 de maio.

Já o resultado do item ônibus urbano (0,18%) reflete o reajuste de 7,50% verificado no município de Goiânia (4,62%), vigente desde 19 de abril, e o aumento de 8,11% em Salvador (0,75%), em vigor desde o dia 2 de abril. No que diz respeito ao metrô, a variação de 0,17% é consequência do reajuste aplicado nas tarifas da região metropolitana do Rio de Janeiro (0,66%), que subiram 6,98% no dia 2 de abril.

Rio Branco tem a maior inflação do país em maio

Quanto aos índices regionais, o município de Rio Branco (0,67%) apresentou a maior variação, em função da alta observada na energia elétrica (3,18%). Os menores índices ficaram com Brasília e com a região metropolitana do Rio de Janeiro, ambas com -0,05%. Nos dois casos, o resultado foi influenciado principalmente pela queda nos preços das passagens aéreas (-12,74% e -25,43%, respectivamente).

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