Coluna do André Galhardo

Inflação, mercado de trabalho e cenário global: Os desafios econômicos e perspectivas da semana

24 fev 2025, 11:37 - atualizado em 24 fev 2025, 11:37
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Veja os indicadores econômicos que serão destaques entre os dias 24 e 28 de fevereiro, com projeções e comentário. (Imagem: Reuters/Niharika Kulkarni)

Veja os indicadores econômicos que serão destaques entre os dias 24 e 28 de fevereiro, com projeções e comentário.

Inflação deve acelerar em fevereiro com fim do bônus de Itaipu e alta nos preços ao produtor

A ausência dos efeitos deflacionários da redução da energia elétrica em janeiro, associada ao aumento dos preços de commodities essenciais como milho, trigo, açúcar e café, tende a acelerar os índices IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15) e IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) no mês, divulgados na terça-feira (25) e quinta-feira (27).

Por outro lado, embora seja necessário reconhecer o impacto dos recentes aumentos dos alimentos sobre a inflação, indicadores antecedentes sugerem alguma desaceleração dos preços no grupo de alimentos e bebidas nas últimas semanas. O mercado seguirá atento à inflação ao produtor no IGP-M, já que o comportamento dos preços na base da cadeia produtiva pode fornecer pistas sobre a trajetória dos preços ao consumidor no segundo trimestre. Por ora, mantemos a projeção de uma variação de 5,00% para o IPCA ao final de 2025.

Desemprego deve subir no trimestre encerrado em janeiro, refletindo movimentos sazonais típicos das demissões pós-festas de fim de ano, atingindo 6,5%

Além dessa tendência observada na série histórica, em que os trimestres encerrados em janeiro costumam registrar alta no desemprego em relação ao período finalizado em dezembro, o início de 2025 deve ser impactado por um arrefecimento adicional do mercado de trabalho.

A desaceleração na criação de empregos e o avanço da desocupação também devem ser influenciados pelo aumento da taxa básica de juros, pelas incertezas políticas e pelos efeitos desses fatores sobre a confiança empresarial. Ainda assim, os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de janeiro, que saem na quarta-feira (26), devem indicar um saldo positivo de aproximadamente 175 mil novos postos de trabalho formais.

Resultado fiscal do Governo Central deve apontar forte superávit em janeiro

Em que pese a ausência parcial de receitas extraordinárias, presente nos meses iniciais de 2024, o resultado do primeiro mês de 2025 deve apontar para um superávit primário semelhante ao que foi registrado no mesmo mês do ano passado. Se materializado, o resultado mostrará que, a despeito dos sinais de desaceleração da atividade econômica, o ritmo de arrecadação permanece robusto. Nossas estimativas para sexta-feira (28) apontam para um volume de arrecadação de R$ 295,03 bilhões em janeiro.

Déficit em transações correntes em janeiro deve mais que dobrar em relação a janeiro de 2024, ultrapassando US$ 8 bilhões

Esse resultado será impulsionado pelo aumento das importações, que moderará o saldo da balança comercial, além dos déficits nas contas de serviços e de rendas, resultando no maior déficit em conta corrente para janeiro desde 2020. Apesar desse desequilíbrio, não há risco imediato para o país, pois o volume de investimentos produtivos do exterior deve ser suficiente para financiar o saldo negativo em transações correntes. Os dados serão divulgados na sexta-feira (28).

A inflação seguirá no radar dos investidores estrangeiros nesta semana

A Eurostat (Escritório de Estatísticas da União Europeia) divulgou, nesta segunda-feira (24), a prévia da inflação da Zona do Euro em fevereiro, e, embora a fraqueza da atividade econômica justifique a continuidade do ciclo de cortes de juros pelo Banco Central Europeu (BCE) – a Alemanha deve informar recessão técnica esta semana -, a integrante do Conselho Executivo, Isabel Schnabel, sinalizou que a autoridade monetária pode estar próxima de pausar ou interromper o afrouxamento. No entanto, uma inflação sob controle tornaria essa decisão difícil de justificar.

Nos Estados Unidos, a divulgação do índice de preços de gastos com consumo (PCE, da sigla em inglês) na sexta-feira (28), um dos principais indicadores de inflação para a política monetária do Federal Reserve (Fed), também será acompanhada de perto. Como os dados do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, da sigla em inglês) vieram acima do esperado, números mais fortes do que o previsto no PCE de janeiro podem reduzir significativamente as chances de um corte de juros pelo Fed no primeiro semestre.

PIB dos EUA deve crescer 2,3% no último trimestre, marcando desaceleração

A economia dos EUA deve ter registrado um crescimento anualizado de 2,3% no quarto trimestre de 2024, desacelerando em relação à alta de 3,1% no trimestre anterior. Os números saem na quinta-feira (27).

Apesar desse ritmo mais moderado, o desempenho permanece sólido e reforça as projeções para 2025: a economia americana deve manter uma trajetória de crescimento consistente, impulsionada por uma política econômica ativa.

O GDPNow, estimativa de crescimento do PIB em tempo real do Fed de Atlanta, aponta para um crescimento de 2,3% também no primeiro trimestre deste ano, sustentando essa perspectiva positiva. No entanto, os possíveis impactos das tarifas propostas por Donald Trump ainda são incertos, já que as medidas não foram implementadas, tornando difícil estimar seus efeitos sobre a atividade econômica nos médio e longo prazos.

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Consultor Econômico da plataforma Remessa Online
Professor e mestre em Economia Política, Galhardo também é economista-chefe da consultoria Análise Econômica, coordenador e professor universitário nos cursos de Ciências Econômicas, Administração e Relações Internacionais e Mestre em Economia Política pela PUC-SP. Ele possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público
andre.galhardo@autor.www.moneytimes.com.br
Professor e mestre em Economia Política, Galhardo também é economista-chefe da consultoria Análise Econômica, coordenador e professor universitário nos cursos de Ciências Econômicas, Administração e Relações Internacionais e Mestre em Economia Política pela PUC-SP. Ele possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público
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