Selic a 10,50% por mais tempo e IPCA a 4,2%; as projeções do Inter para o Brasil
O Inter revisou as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,3% para 4,2% em 2024. “Após reaceleração entre abril e maio, a inflação voltou a dar sinais de tendência de queda, ainda que lenta”, afirma a economista-chefe da instituição, Rafaela Vitória.
O novo patamar de câmbio ainda pode causar pressões pontuais, como a recente alta da gasolina. No entanto, os principais riscos altistas para a inflação são os gastos fiscais, que devem manter o consumo em alta, e o mercado de trabalho robusto, com nível de emprego e renda próximos das máximas.
“Apesar da política monetária mais restritiva, assim como condições financeiras piores, com a alta dos juros longos, a convergência da inflação para o centro da meta deve caminhar lenta”, diz a economista.
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Vitória ressalta que um cenário mais benigno para o IPCA poderia ocorrer com uma revisão mais significativa dos gastos fiscais, resultando no cumprimento da meta de zerar o déficit até 2025. Além disso, ela cita o início dos cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed) e o enfraquecimento do dólar.
Para 2025, o Inter manteve as estimativas para a inflação brasileira em 3,8%.
Vale destacar que os modelos do Banco Central (BC) apresentados no último relatório de inflação mostram que o IPCA tende a convergir para 3,1% somente ao final de 2025, mesmo no cenário de Selic bastante restritiva, a 10,50% por mais 18 meses.
Selic e PIB
Na revisão para o cenário brasileiro, o Inter manteve a projeção da Selic a 10,50% em 2024 até o primeiro semestre de 2025. Para a reunião dos dias 30 e 31 de julho, a expectativa é de mais uma manutenção consensual da taxa.
Para o final do próximo ano, os juros devem fechar no patamar dos 9,5%. “Com o aperto monetário mais prolongado e a resultante desaceleração da atividade, a inflação tende a voltar em tendência de queda e o Banco Central pode reavaliar a retomada do ciclo de afrouxamento monetário”, diz.
A economista afirma ainda que o cenário em 2025 deve contar com menor risco externo, com a continuação do ciclo de cortes pelo Fed e consequente alívio no câmbio, permitindo a reancoragem das expectativas de inflação para 2026.
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“O risco para nosso cenário base é uma nova expansão de fiscal e revisões da meta, que podem manter a atividade aquecida e pressionar tanto a inflação corrente como as expectativas, o que não permitiria espaço para novos cortes na Selic”, destaca.
Em relação ao PIB, após os dados melhores no segundo trimestre, o Inter revisou a projeção de crescimento de 1,8% para 2,1% no ano.
“Apesar dos sinais de desaceleração da indústria, a atividade surpreendeu com dados melhores entre abril e maio, principalmente nos setores de serviços, incluindo o comércio. O consumo das famílias segue robusto, resultado ainda do impulso fiscal, com o forte aumento das transferências de renda no primeiro semestre, e do aquecimento do mercado de trabalho, que tem taxa de desemprego nas mínimas históricas e nível de ocupação e massa salarial recordes.”