Inflação: IPCA-15 abaixo das expectativas “não deve deixar ninguém tranquilo”
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial do país, atingiu 1,73% em abril. O valor está abaixo das expectativas do mercado, que rondavam os 1,85%, porém é a maior alta para o mês desde 1995.
No acumulado de 12 meses, o índice acumula alta de 12,03%, aceleração registrada frente aos 10,79% em março.
Para analistas da Terra Investimentos, as surpresas nos índices, que vieram de maneira “espalhada” em vários produtos, não são motivos para comemorar.
Cautela no otimismo com a inflação
Homero Guizzo, economista da instituição, ressalta que o resultado, apesar de menos pior do que expectativas, ainda é ruim.
“O que gera essa impressão de que as coisas estão melhorando é que o mercado esperava 1,83%, mas ainda é muita inflação. Antes da pandemia, um valor desses demorava vários meses para acumular”, diz.
O IPCA-15 foi atenuado por uma alta menor do que a esperada nos preços dos combustíveis, que subiram 7,54% contra uma expectativa de 8,9% por parte dos analistas.
Também surpreendeu a queda no grupo de produtos de cuidados pessoais, puxados por um recuo de 6,6% no preço de perfumes.
A alimentação fora de casa também ajudou a conter o resultado geral, subindo 0,28% contra uma projeção de 0,75%.
Caminhos do Banco Central
Para Guizzo, a expectativa é de que o Banco Central continue a enfrentar a alta nos preços por meio de aumentos na taxa básica de juros (Selic) no longo prazo.
Em sua última reunião sobre o tema, no dia 17 de março, o órgão elevou a taxa em 1 ponto percentual, chegando em 11,75%, maior taxa desde o início de 2017.
“Não tem outro caminho. O observador pode achar que não está funcionando, mas é um remédio que precisa ser tomado por bastante tempo para começar a fazer efeito”, afirma.
Para Guizzo, o cenário provável é que, no futuro próximo, o BC ultrapasse os 12,75%, chegando aos 13%.
Expectativas para abril
A Terra Investimentos espera o início de um alívio nos preços até o fim de abril, principalmente após a implementação da bandeira tarifária da energia elétrica reduzida, no dia 16, que deve segurar ainda mais a alta no valor das contas — a instituição projeta queda de até 9%.
“O IPCA ainda não sofreu os impactos da bandeira tarifária. O ajuste deve trazer a inflação de abril para bem abaixo de 1%”, disse.
Em relatório enviado a clientes, a Terra projeta um IPCA em 0,83% para o mês completo de abril. Trata-se de um valor intermediário entre expectativas de outras instituições. A MCM Consultores, por exemplo, estima uma inflação entre 0,9% e 0,95%, enquanto a Modal espera 0,8%.
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