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Inflação está na medida para 1,5 p.p. da Selic e Copom não deverá botar a ômicron na mesa

17 jan 2022, 14:14 - atualizado em 17 jan 2022, 14:44
Um carrinho de compras cheio está parado em frente a uma gôndola de massas
Alimentos tem pressão de alta, mas há, no geral, um clima de inflação mais acomodada que não sugere choque da Selic

Sem perder de vista a necessidade de freios sobre a inflação e sem que ainda se vislumbre risco eminente do avanço da covid impactando custos nas cadeias produtivas, mais 1,5 ponto percentual está na medida na primeira rodada da taxa de juros Selic de 2022.

O Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne dias 1 e 2 de fevereiro, conseguiu essa folga para não passar dessa régua – “que não é pouca”, como diz a economista Zeina Latif -, pela desaceleração do IPCA em dezembro (sobre novembro), apesar do acumulado de 10,06% no ano.

E apesar, também, da alta do IGP-DI no mesmo mês. O indicador da FGV mede, entre outros, a alta dos alimentos in natura.

Depois de 7 altas consecutivas da taxa básica de juros, hoje em 9,25% ao ano, economistas acreditam na repetição dos 150 pontos base de 8 de dezembro.

A sequência da política contracionista, acima da “taxa neutra”, segundo Zeina, tem como fundamento o relatório recente do Banco Central (Bacen). Nele, a taxa real, desinflacionada, está em 3,6% e com a expectativa inflacionária, até dezembro, em 5,12%, a taxa neutra está em 9%.

Daí que a projeção de alta da Selic está alinhada por esse patamar. Não desacelera a rigidez monetária, mas também não chega perto do nível de “choque”.

Se materializada essa elevação, com os juros referência da economia voltando aos dois dígitos, a 10,75%, o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, também entende como “dose ideal do remédio”.

“Eles [membros do Copom) são experientes e sabem que existe um intervalo entre a decisão e acomodação das taxas”, acrescenta, lembrando que no passado levava até 9 meses – inclusive com base em um estudo publicado por ele.

Daí, se pode deduzir que os efeitos dos aumentos anteriores ainda estão sendo produzidos no mercado, embora da Luz veja o intervalo mais curto atualmente.

Se há, portanto, um nível mais acomodado de inflação nestes primeiros dias de 2022, pelo lado da produção há uma estagnação presente, no que seria mais uma variável a segurar a alta da Selic nesse teto previsto, sem excessos, explica Zeina Latif, ex-economista-chefe da XP Investimentos.

São realidades mais presentes para, nessa primeira reunião do ano, o Copom colocar na mesa potenciais impactos do avanço da ômicron implicando, possivelmente, em riscos nas cadeias de valor, ou seja, prejudicando operações e elevando custos.

Em linha com Zeina, o economista da Farsul, membro permanente do quadro de economistas que opinam no Boletim Focus, complementa: “Acho que não vão botar peso em uma incerteza sabendo que tem um problema certo e de verdade que é a inflação”.

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