Inflação em baixa nos EUA autoriza interrupção de juros e ajuda dólar a cair
Divulgado mais cedo, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA trouxe uma grata notícia para os investidores.
Subindo 0,1% no mês e 4% no acumulado dos 12 meses, a inflação ‘cheia’ continua em franca desaceleração e alcança o menor nível desde março de 2021. Já o núcleo do CPI, que desconsidera componentes voláteis como energia e alimentos, subiu 0,44% em maio, desacelerando para 5,33% anualmente.
Descascando o dado, o time de análises macroeconômicas da XP classifica como “altamente relevante” a queda do núcleo da inflação de serviços, que desconsidera os preços de habitação e aluguel.
O subgrupo desinflacionou 0,2% em maio, com a inflação anual caindo de 5,2% para 4,2%. No pico das medições durante junho do ano passado, a inflação do núcleo de serviços chegou a 8,2%
Dessa forma, o CPI dá sinal verde para que o Federal Reserve decida pela interrupção do aperto monetário de amanhã, mesmo diante de um mercado de trabalho muito aquecido Atualmente, a taxa de juros dos Estados Unidos está na banda de 5-5,25%.
Rodrigo Cohen, co-fundador da Escola de Investimentos e analista financeiro, entende que a decisão de manter os juros seria acertada para o momento. Para ele, a medida é importante para ver “o que acontece com a economia e com os bancos” depois do choque de crédito que chacoalhou o setor financeiro.
Esse cenário otimista que juros alenta os mercados nesta terça-feira (13), com os três principais índices de Wall Street refletindo aumento do apetite por risco. Dow Jones Industrial Average (DJIA), S&P 500 (SPX) e Nasdaq Composite (US100) sobem 0,55%, 0,78% e 0,86%, respectivamente.
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Decisão do Fed: pausa com tom agressivo
Embora seja o cenário base para amanhã, a primeira manutenção da taxa de juros desde janeiro de 2022 deverá ter a ressalva de um tom agressivo do Banco Central americano.
“O Fed deve manter a porta aberta para a possibilidade de outras altas a frente. Os mercados, inclusive, precificam uma nova alta em julho”, diz a nota da XP.
Apesar da possibilidade de uma retomada do ciclo de aperto, o time de análises da XP aponta para um alívio das condições macroeconômicas, diminuindo a chance de que o Fed recorra a novas altas. Com isso, a próxima fase da política monetária deve ser a tão aguardada queda dos juros.
Ventos desinflacionários dos EUA ajudam a disciplinar dólar
A volta do apetite por risco em Nova York a reboque do processo desinflacionário dos EUA também reverbera nas negociações do dólar.
Com o Fed prestes a estacionar o ciclo de altas, a tendência é que os investidores estrangeiros façam uma reavaliação do fluxo da compra –dolarizada– de títulos de dívida dos EUA para outros ativos de maior retorno no curto-prazo.
Diante disso, o índice DXY, que mede a variação do dólar ante os principais competidores da moeda americana, registra o segundo dia consecutivo de queda, aos 103,8 pontos.
Efeito semelhante pode ocorrer também no par de negociação do dólar com moedas emergentes, como o real. Além do iminente corte da taxa Selic, o economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais, Robin Brooks, argumenta que o recente movimento de apreciação do real é consequência da desinflação americana e menor procura pelo dólar.