Inflação dos EUA alivia pressão sobre o Fed, mas não muda perspectiva de fim do afrouxamento monetário
A inflação dos Estados Unidos em dezembro — divulgada na manhã desta quarta-feira (15) — alivia, por ora, a pressão sobre o Federal Reserve (Fed), mas não muda a perspectiva dos economistas em relação ao fim do afrouxamento monetário no país.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,4% em dezembro e fechou 2024 a 2,9%. Já o núcleo, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, recuou para 0,2% no mês passado e para 3,2% no ano.
A economista do ASA, Andressa Durão, diz que o CPI é uma boa notícia, uma vez que aponta para um retorno da desaceleração do núcleo, que estava estagnado em patamar acima da meta há alguns meses.
O dado, somado ao índice de preços ao produtor (PPI), traz uma perspectiva de melhora de curto prazo na inflação. O PPI, divulgado ontem (14), teve uma alta moderada, subindo 0,2% no mês passado e 3,3% no ano.
Durão, inclusive, acredita que agora as projeções do mercado para o PCE de dezembro — índice inflacionário preferido do banco central norte-americano — devem sofrer revisão para baixo. O dado sai no final de janeiro.
No entanto, a economista destaca que as políticas que devem ser adotadas por Donald Trump e de seus eventuais efeitos na inflação no longo prazo mantêm o Fed em alerta. As propostas do presidente incluem a elevação de tarifas sobre importações e a deportação em massa de migrantes.
“O dado benigno reduz os riscos em relação à persistência da inflação de serviços, mas o Fed continuará mantendo os juros parados diante do patamar ainda elevado da inflação e, principalmente, dos riscos relacionados às potenciais políticas de Trump”, afirma.
Mesmo após o CPI, a ferramenta de monitoramento CME FedWatch aponta que 97,3% do mercado aposta na manutenção dos juros, enquanto apenas 2,7% afirmam que a autoridade monetária vai fazer mais um reajuste de 0,25 ponto percentual. Para as reuniões de março e maio, as chances de outra manutenção são de 70,1% e 53%, respectivamente.
A inflação dos EUA
O CPI de dezembro ficou em linha com as expectativas do mercado, mas houve surpresa baixista do núcleo da inflação, puxada tanto por bens quanto por alguns serviços, o que resultou também em um supercore mais baixo.
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A inflação de aluguéis voltou a acelerar, mas ficou em linha com o que a maioria esperava — “ainda favorável e bem menor do que nos últimos anos”, diz a economista do ASA.
Tanto a inflação em 12 meses quanto a média trimestral anualizada aceleraram novamente em dezembro, enquanto o núcleo desacelerou em ambas as medidas, com destaque para o supernúcleo de Serviços.