Inflação dos alimentos: O que explica a elevação dos preços em 2022?
O grupo de alimentação e bebidas representou quase metade da alta de 5,8% no encerramento do ano de 2022 do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Neste cenário, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que sua elevada contribuição para a inflação, que também foi observada em anos anteriores, reflete a volatilidade e o grau de importância do grupo na cesta de consumo da população do país.
Dessa maneira, a inflação dos alimentos voltou a ser destaque em 2022 e o Ipea destaca que diversos fatores podem explicar a elevação destes preços. Dentre eles:
- Elevação dos custos de produção;
- Adversidades climáticas;
- Encarecimento de fertilizantes; entre outros.
“Altas de custos de produção, por exemplo, devido à elevação dos preços internacionais dos fertilizantes, somadas às adversidades climáticas decorrentes do fenômeno La Niña, que reduziu a produção de importantes culturas, afetaram significativamente os preços no varejo”, diz o Ipea em nota.
Impacto dos alimentos na inflação
O Instituto destaca que, dos nove grupos de produtos e serviços comercializados no varejo que compõem o IPCA, o grupo alimentação e bebidas foi o que apresentou maior peso na composição do índice agregado (21,9%) em 2022, seguido de transportes (20,5%) e habitação (15,3%).
A participação do grupo alimentação e bebidas é ainda maior nas faixas de renda mais baixas, atingindo 29% no caso das famílias de renda muito baixa.
O Ipea aponta que, historicamente, o comportamento dos preços dos alimentos guia a trajetória de preços agregados no Brasil. Em 2019, a inflação do grupo alimentação e bebidas contribuiu com 1,56 pontos percentuais (p.p.) no
resultado geral medido pelo IPCA, sendo essa a contribuição de maior expressividade na variação acumulada
do respectivo ano.
Com as medidas de isolamento social em 2020, devido à pandemia, houve impacto diretamente no padrão do consumo do brasileiro.
Isso porque, do lado da demanda, além da queda na alimentação fora do domicílio, um grande número famílias optou pela compra de alimentos semiperecíveis e não perecíveis para as refeições em casa.
O arroz, por exemplo, que vinha em queda crescente no consumo em anos anteriores, apresentou forte demanda em 2020. O Brasil chegou a importar arroz em alguns meses do ano. Do lado da oferta, algumas cadeias produtivas de alimentos foram parcialmente comprometidas.
“O resultado foi uma acentuada elevação de preços dos alimentos. Com variação acumulada no ano de 14%, o IPCA – alimentação e bebidas apresentou, em 2020, o maior patamar já registrado pela série histórica pós-Real, com contribuição de 2,74 p.p. no IPCA agregado”, explica o Ipea.
Já em 2021, embora o resultado para o grupo tenha arrefecido, a dinâmica de reajustes positivos esteve atrelada basicamente ao comportamento dos preços das proteínas animais, com destaque para a carne bovina e para as aves, além do item bebidas e infusões.
Por fim, ainda que com resultado menos expressivo do que em 2020, houve retomada da trajetória de alta de preços do grupo alimentação e bebidas em 2022, com variação acumulada no ano em 11,6%, representando contribuição de 2,39 p.p. no IPCA geral.