Inflação deve romper os 6% em 2025, pressionado pelo câmbio depreciado, estima XP
A XP Investimentos revisou a projeção para a inflação brasileira de 5,2% para 6,1% em 2025, refletindo a demanda interna aquecida no curto prazo e a taxa de câmbio mais depreciada.
O economista-chefe da casa, Caio Megale, e sua equipe destacam que o câmbio está pressionando bens industrializados e alimentos. “Vemos a taxa de câmbio em níveis mais depreciados este ano”, dizem ao elevar a projeção deste ano de R$/US$ 5,85 para R$/US$ 6,20.
A XP elevou a estimativa para a inflação de bens industrializados – dada a elevada penetração de importados em insumos e bens finais – e de alimentos, em particular aqueles com preços influenciados pelo mercado internacional (trigo, cacau, proteínas). “Prevemos aumento de 4,0% para o grupo de bens industrializados e de 10,2% para alimentação no domicílio.”
Os preços de serviços também devem acelerar. “Elevamos também nossa previsão para o grupo de serviços, de 5,6% para 6,4%”, afirmam.
Além do efeito da depreciação cambial, eles destacam:
- a inflação corrente mais alta, tanto para consumidores quanto produtores – por exemplo, o IGP-M encerrou 2024 com alta de 6,5% e deve continuar em tendência ascendente nos próximos trimestres, pressionando contratos (como aluguéis);
- a atividade aquecida e surpreendendo para cima no curto prazo, puxada pela demanda interna;
- o mercado de trabalho apertado, com ganho de tração dos salários reais no final do ano passado; e
- a desancoragem adicional das expectativas inflacionárias.
A equipe destaca ainda que o desafio da política monetária aumenta à medida que as expectativas de inflação de curto e médio prazos continuam se afastando da meta.
A XP, inclusive, elevou a projeção para a Selic de 15% para 15,50% ao final do ciclo de alta e postergou o início do ciclo de cortes para 2026.
PIB e resultado primário
Para o Produto Interno Bruto (PIB), a XP projeta que o Brasil crescerá 3,6% em 2024, 2,0% em 2025 e 1,0% em 2026. Ao longo de 2025, eles esperam um arrefecimento.
O PIB deve apresentar crescimento significativo no primeiro trimestre, puxado pela safra de soja – um pouco mais de 60% da produção do grão, que projetamos crescer 15% este ano, são contabilizados entre janeiro e março.
Passado esse efeito, os setores mais cíclicos devem desacelerar o avanço da economia no restante do ano, na esteira do aumento da inflação, piora das condições financeiras e menor impulso fiscal.
“Por um lado, o efeito de carrego estatístico deixado pelo PIB de 2024 parece ser maior do que o estimado anteriormente; por outro lado, as condições monetárias serão ainda mais contracionistas em 2025, conforme discutido na última seção deste relatório.”
Já para o resultado primário, a equipe projeta que o governo deve ter menor dificuldade para atingir a meta em 2025, graças ao cenário econômico que favorece a arrecadação. A dívida pública, por sua vez, continuará subindo, ampliando preocupações quanto à sustentabilidade fiscal.