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Inflação de alimentos estraga festas de fim de ano no mundo todo

20 dez 2021, 19:23 - atualizado em 20 dez 2021, 19:23
Em países como Brasil, China, Reino Unido, Romênia e Estados Unidos, o salto dos preços dos alimentos vai silenciar as festividades de fim de ano (Imagem: Unsplash/@christiannkoepke)

À medida que famílias no mundo todo planejam as comemorações natalinas novamente, enfrentam uma dura realidade: alimentos tradicionais, especialmente aqueles vendidos por um período limitado mesmo em um ano normal, estão significativamente mais caros em 2021, se é que estão disponíveis.

“Você pode conseguir trocar algumas coisas; em vez de peru ou bife caro, pode considerar algo mais barato para o jantar”, disse Curt Covington, diretor sênior de crédito institucional da AgAmerica Lending, que concede empréstimos a agricultores. Mas não há como escapar quando se trata da mesa nas festas de fim de ano: tudo “vai ser mais caro”.

Em países como Brasil, China, Reino Unido, Romênia e Estados Unidos, o salto dos preços dos alimentos vai silenciar as festividades de fim de ano.

Famílias podem estar ansiosas por um retorno ao normal, mas, com as cadeias de suprimentos cedendo sob o peso da escassez generalizada de mão de obra e pressão contínua da Covid-19, alimentar as famílias nesta temporada de festas será difícil.

Brasil

Fátima Santos descreve a ceia de Natal planejada por sua família em 2021 em uma palavra: magra. Nem bacalhau nem peru será servido neste ano, disse a cabeleireira desempregada, de 41 anos, enquanto olhava as prateleiras em busca de ofertas em um supermercado do Rio de Janeiro.

“Ovo é o novo bife da nossa casa. Até o arroz e feijão estão supercaros”, disse. Não que sejam típicos das festas de fim de ano, mas, com os altos preços da carne, esse prato do dia a dia será comum nas ceias dos brasileiros.

Embora o Brasil seja um dos maiores produtores mundiais de commodities agrícolas, a demanda crescente no exterior e a alta do dólar tornaram as exportações mais rentáveis, deixando menos alimentos produzidos no país no mercado interno.

Ao mesmo tempo, o clima extremo este ano – a pior seca em um século seguida por uma geada sem precedentes — prejudicou as safras do país e acelerou a inflação.

A Fundação Getulio Vargas calcula que os preços da carne bovina subiram cerca de 15% nos últimos 12 meses, enquanto os custos do frango avançaram mais de 24%.

A rede de supermercados Zona Sul tem oferecido mais produtos locais para que as famílias possam driblar a inflação.

O tradicional bacalhau da Noruega ainda está disponível para o Natal, mas a a rede também está vendendo pirarucu, peixe encontrado na Amazônia, por até metade do preço.

A rede enfrentou atrasos nas importações de vinhos e espumantes devido à escassez de contêineres e ofereceu descontos para marcas locais. “À medida que o poder de compra diminui, as pessoas buscam marcas secundárias”, disse o diretor executivo da rede, Pietrangelo Leta.

A chef Priscila Santana geralmente vende rabanadas na época das festas. Mas teve que aumentar os preços este ano em mais de 10% devido aos custos crescentes do pão, leite e ovos, além da gasolina necessária para o transporte. Apesar de iniciar as vendas com várias semanas de antecedência no no início deste ano e aceitar cartões de crédito e vale-refeição, ela ainda observa demanda menor.

“Espero vender 20% menos este ano. Alguns de meus clientes tiveram que desistir das rabanadas para comprar quentinhas para o almoço.”

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