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Inflação de 2021, a maior em 6 anos, não deve mexer com ritmo de alta da Selic

11 jan 2022, 10:54 - atualizado em 11 jan 2022, 11:01
Roberto Campos Neto
Especialista diz que para os próximos meses, por mais que se veja uma desaceleração em 2022 para 5,5%, o primeiro trimestre ainda vai ser “complicado por inércia inflacionária”. (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

O IPCA em alta de 10,06% em 2021, acima do esperado, conforme divulgado nesta terça-feira (11) pelo IBGE, não deve mexer com o ritmo de alta da Selic, afirmam analistas.

O Banco Central decide em fevereiro por mais uma elevação da taxa básica de juros. A expectativa é de uma alta de 1,5 ponto percentual, levando a Selic a 10,75%.

“O IPCA divulgado não corrige as expectativas para este ano e o seguinte”, resume Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

O especialista lembra que o BC mira em expectativas futuras de inflação para ajustar o ciclo de juros — no caso as referências são 2022 e 2023.

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, destaca que já era consenso que o IPCA viria em torno de 10%. “A leitura de inflação de dezembro ratifica para reunião de fevereiro o ajuste [informado na última decisão do Copom]”.

Abdelmalack diz que para os próximos meses, por mais que se veja uma desaceleração do IPCA em 2022 para 5,5%, o primeiro trimestre ainda vai ser “complicado por inércia inflacionária”.

O cenário deve continuar penalizando as ações de empresas ligadas ao consumo na bolsa, diz.

A economista destaca que ainda haverá uma inflação relevante em janeiro por uma questão de sazonalidade.

Para o analista da corretora Toro Investimentos Lucas Carvalho, o mercado acompanha o fluxo de chuvas, “que no final do ano conseguiu suprir os receios sobre racionamento”.

“Esse fluxo pode fazer com que a Aneel venha a diminuir a bandeira tarifária, o que pode contribuir para arrefecer a inflação”, avalia o especialista.

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Juros futuros

Sócio da Criteria Investimentos, Vitor Miziara destaca que os juros futuros estão subindo “só um pouquinho”. “Ontem, a gente viu uma puxada muito forte dos índices futuros (Ibovespa) no fim do dia, chegando quase à máxima do dia”.

Para o especialista, é normal que o mercado realize um pouco neste começo do dia. “Se você pegar os contratos de juros futuros, com vencimento em 2023, que é o curto e que é o que o mercado está olhando, estão subindo 0,15% apenas”.

“É pouco, nada demais. Se fosse um susto muito grande, aí a gente teria um impacto maior na curva de juros. Aí, sim, poderia levar o mercado a achar que viria uma alta mais forte de juros”, afirma.

*Colaborou Lucas Simões e Márcio Juliboni