Inflação de 2021, a maior em 6 anos, não deve mexer com ritmo de alta da Selic
O IPCA em alta de 10,06% em 2021, acima do esperado, conforme divulgado nesta terça-feira (11) pelo IBGE, não deve mexer com o ritmo de alta da Selic, afirmam analistas.
O Banco Central decide em fevereiro por mais uma elevação da taxa básica de juros. A expectativa é de uma alta de 1,5 ponto percentual, levando a Selic a 10,75%.
“O IPCA divulgado não corrige as expectativas para este ano e o seguinte”, resume Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.
O especialista lembra que o BC mira em expectativas futuras de inflação para ajustar o ciclo de juros — no caso as referências são 2022 e 2023.
A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, destaca que já era consenso que o IPCA viria em torno de 10%. “A leitura de inflação de dezembro ratifica para reunião de fevereiro o ajuste [informado na última decisão do Copom]”.
Abdelmalack diz que para os próximos meses, por mais que se veja uma desaceleração do IPCA em 2022 para 5,5%, o primeiro trimestre ainda vai ser “complicado por inércia inflacionária”.
O cenário deve continuar penalizando as ações de empresas ligadas ao consumo na bolsa, diz.
A economista destaca que ainda haverá uma inflação relevante em janeiro por uma questão de sazonalidade.
Para o analista da corretora Toro Investimentos Lucas Carvalho, o mercado acompanha o fluxo de chuvas, “que no final do ano conseguiu suprir os receios sobre racionamento”.
“Esse fluxo pode fazer com que a Aneel venha a diminuir a bandeira tarifária, o que pode contribuir para arrefecer a inflação”, avalia o especialista.
Juros futuros
Sócio da Criteria Investimentos, Vitor Miziara destaca que os juros futuros estão subindo “só um pouquinho”. “Ontem, a gente viu uma puxada muito forte dos índices futuros (Ibovespa) no fim do dia, chegando quase à máxima do dia”.
Para o especialista, é normal que o mercado realize um pouco neste começo do dia. “Se você pegar os contratos de juros futuros, com vencimento em 2023, que é o curto e que é o que o mercado está olhando, estão subindo 0,15% apenas”.
“É pouco, nada demais. Se fosse um susto muito grande, aí a gente teria um impacto maior na curva de juros. Aí, sim, poderia levar o mercado a achar que viria uma alta mais forte de juros”, afirma.
*Colaborou Lucas Simões e Márcio Juliboni