Economia

Inflação americana muda apostas de cortes de juros e influencia Brasil; entenda

12 mar 2024, 12:42 - atualizado em 12 mar 2024, 12:42
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Inflação americana é acompanhada de perto por Jerome Powell, presidente do Fed, e por mercados internacionais (Imagem: REUTERS/Kevin Lamarque)

Nesta terça-feira (12), o Departamento do Trabalho americano divulgou o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos (EUA). A alta em 0,4% da inflação em fevereiro, chegando a 3,2% comparada com fevereiro do ano passado, é um alerta para o mercado.

Isso porque, apesar de não ser o dado preferido pelo Federal Reserve (Fed) para análise de cortes de juros, o CPI fornece indicações para quando os cortes de juros serão realizados pelo país.

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Às 7hs, o CME FedWatch Tool, ferramenta que analisa a probabilidade de cortes nas taxas de juros, mostrava uma probabilidade de cortes em junho de 72%, antes da divulgação dos dados.

Após a divulgação da inflação americana, a estimativa para junho está em 66,2%.

Economistas analisam probabilidades de cortes de juros

Para Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, a crença de um possível corte nos juros durante o primeiro semestre de 2024 passou.

“Ao olhar para a composição do CPI, vemos que os números não são condizentes com um corte no curto prazo. Na nossa visão, o início do ciclo de cortes só deve ocorrer no segundo semestre do ano”, afirma.

Claudia explica que o ritmo de desaceleração observado até o momento é insuficiente para um corte de juros no segundo trimestre, reiterando que a meta do Fed é uma inflação a 2%.

Também para o economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike, a força da inflação americana compromete o corte de juros no primeiro trimestre do ano.

Ele reitera que, ontem (11), o Fed de Nova York anunciou que as expectativas de inflação do consumidor nos EUA aumentaram tanto no curto quanto no longo prazo, com a expectativa da inflação esperada para os próximos três anos passando de 2,4% para 2,7%.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, segue por outro caminho: “As projeções indicam que a inflação nos EUA deve convergir para a meta de 2% ao longo deste semestre, proporcionando um cenário mais favorável para o Banco Central Americano iniciar cortes de juros, seja em maio ou junho.”

“Embora ainda haja desafios a serem enfrentados, como a resistência persistente nos preços da moradia em comparação com outros itens que passaram por períodos de declínio e oscilação, é possível que o Fed encontre um ambiente mais propício para suas decisões futuras”, finaliza.

Como a inflação americana afeta o Brasil?

“Um aumento na inflação americana pode resultar em elevações nos preços das commodities, impactando diretamente a inflação brasileira, dada a posição brasileira como um grande exportador de commodities. Também, se a inflação nos EUA levar a um aumento nas taxas de juros globais, isso pode afetar o custo do capital para o Brasil, influenciando os preços domésticos”, explica Fabio Murad, sócio da Ipê Investimentos.

Além disso, a inflação no país altera as percepções nacionais sobre como guiar a política monetária brasileira. Para a Taxa Selic, isso significa que ajustes podem ser realizados para manter a estabilidade econômica e conter pressões inflacionárias.

Sobre a Bolsa brasileira (B3), Fabio reforça que a elevação da inflação nos Estados Unidos pode desencadear uma saída de capital de mercados emergentes, caso aumentos de juros sejam esperados, em busca de ativos considerados mais seguros e mais atraentes em termos de retorno.

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