Inflação: Alta das commodities reduz chances de “pisada no freio” da Selic, diz Citi
A alta das commodities deve manter a inflação elevada e o Banco Central terá de ser mais agressivo na política monetária para não desancorar as expectativas, diz Leonardo Porto, economista-chefe do Citi Brasil.
O impacto das commodities na inflação já aparece em índices como o IGP-10, que se aproximou de 2% este mês.
Essa pressão diminui o espaço para o BC desacelerar o ritmo de alta da Selic de 1,50 ponto percentual para 1 ponto percentual, como o mercado esperava após o comunicado do Copom indicar ritmo menor do aperto monetário, segundo o economista.
“É uma alta de commodities generalizada, que não é só do petróleo e vem desde meados de dezembro.”
A ata do Copom divulgada na semana passada, que teve uma linguagem mais dura do que o comunicado da última reunião, mostrou que o BC “escalou o grau de preocupação com o cenário inflacionário”, afirma Porto.
O Citi prevê que o Copom vai elevar a Selic em 1,25 pp em março e mais 0,75 pp em maio, encerrando em 12,75% o ciclo de alta dos juros. A taxa só deve começar a ser reduzida no 2º semestre de 2023.
Segundo Porto, a baixa do dólar ocorre ainda num patamar insuficiente para compensar alta das commodities. Além disso, o câmbio ainda deve ser pressionado pela alta dos juros nos Estados Unidos — o banco estima um dólar a R$ 5,54 no fim do ano, contra o nível atual em torno de R$ 5,14.
Porto diz que o BC não tem espaço para cortar juros este ano mesmo com a mudança esperada do foco para meta de 2023 nas próximas reuniões, Isso porque as expectativas para o próximo ano não são independentes do cenário de inflação e política monetária no curto prazo.
“Se o BC sinalizar uma postura mais acomodatícia, ele perde também a âncora para 2023.”