Inflação ainda preocupa: 5 pontos que te ajudam a traduzir a ata do Copom; confira
Nesta terça-feira (26), o Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou a ata da última reunião, em que o Comitê anunciou o sexto corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, atualmente a 10,75% ao ano.
Sobre sinalizações futuras, na ata é pontuado que o cenário mais incerto reduzia o benefício da sinalização futura e elevava seus custos.
“Tal avaliação levou o Comitê a comunicar que antecipava uma redução de mesma magnitude na próxima reunião, reforçando que a alteração na comunicação se dava por uma mudança na incerteza e não no cenário-base”, destaca.
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A manutenção da credibilidade do Banco Central também foi destaque nos apontamentos do Copom, com o Comitê avaliando que “a redução das expectativas requer uma atuação firme da autoridade monetária, bem como o contínuo fortalecimento da credibilidade e da reputação tanto das instituições como dos arcabouços fiscal e monetário que compõem a política econômica brasileira”.
Tal pontuação é destaque quando Roberto Campos Neto, atual presidente do BC, luta para fazer com que o Banco tenha maior independência.
Para Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital, após o corte de 50 bps em maio, a decisão em junho está em aberto.
“A ata indica que se não houver redução da incerteza, o ritmo será reduzido para 25 bps por reunião. Nosso cenário base permanece de taxa Selic terminal de 9,5% e corte de 50 bps em junho”, afirma.
Ata do Copom: Saiba quais são os pontos de atenção
Inflação é ponto de atenção
Ponto extensamente discutido na ata do Copom, o destaque vai para a inflação brasileira e seus impactos na economia.
Foi afirmado que a dinâmica desinflacionária não divergiu significativamente do que era esperado, mas que o cenário ainda é incerto, com surpresas na inflação de serviços suscitando dúvidas sobre a velocidade de desinflação.
Entre os riscos de alta para a inflação futura, estão:
- Maior persistência das pressões inflacionárias globais;
- Maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado.
Enquanto isso, para os riscos de baixa, são destaques:
- Uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada;
- Os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
De acordo com a ata, as projeções de inflação do Copom situam-se em 3,5% para 2024 e 3,2% para 2025.
PIB é analisado em contexto doméstico
Para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que cresceu 2,9% durante os 12 meses de 2023, o destaque foi a redução no crescimento do consumo das famílias e a queda de dinamismo do investimento ao longo do ano passado.
Em 2023, a taxa de poupança foi de 15,4%, inferior à de 15,8% em 2022. No geral, os investimentos brasileiros no ano passado representaram 16,5% do PIB, número que foi maior em 2022, quando a taxa representava 17,8%.
O Copom projeta um consumo resiliente para o cenário à frente, impulsionado pela elevação do salário-mínimo, redução do impacto da contração monetária ao longo do tempo, transferências fiscais e ciclo de crédito em fase de retomada.
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Salários e mercado de trabalho
O mercado de trabalho e ganhos salariais também foram analisados, com o Copom demonstrando preocupação com “possíveis efeitos da ampliação de ganhos reais no período mais recente e da aceleração de crescimento observada nos dados referentes à massa salarial sobre a dinâmica prospectiva da inflação de serviços”.
É afirmado na ata que o Comitê continuará incorporando os dados do mercado de trabalho em sua análise, “sem uma visão mecânica ou definitiva sobre quaisquer impactos, ou relações”.
Fiscal
Sobre o cenário fiscal, o Comitê reforçou a importância de perseguir as metas fiscais estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e consequente condução da política monetária.
Também, foi afirmado que “o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia”.
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Cenário internacional
De acordo com a ata, o cenário internacional, analisado para discutir os rumos da política monetária brasileira, é marcado pela volatilidade, com debates sobre o início da flexibilização da política monetária e a velocidade com que se observará a queda de inflação de forma sustentada.
O cenário é evidente nos Estados Unidos (EUA), com o Federal Reserve (Fed) sinalizando a inflação ainda acima da meta de 2% e com Jerome Powell ainda aguardando pelo melhor momento para realizar os cortes de juros no país.
Como reflexo, o Comitê brasileiro alerta para a necessidade de países emergentes, como o Brasil, agirem com cautela.