Coluna da Yolanda Fordelone

Inflação: A pedra no caminho da independência financeira e como vencê-la

23 jan 2024, 15:32 - atualizado em 23 jan 2024, 15:32
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Inflação: Seu primeiro R$ 1 milhão acumulado ao longo de 40 anos com certeza não terá o mesmo valor de hoje.  (Imagem: Freepik)

Independentemente do seu perfil – conservador, moderado ou agressivo -, há um inimigo em comum que une investidores de todas as tribos que buscam a independência financeira: a alta de preços.

A inflação é uma pedra no caminho que insiste em atrapalhar os planos. Quanto mais você avança e passam-se os anos, maior é a inflação acumulada de maneira que todo o trabalho (e patrimônio) podem ir ladeira abaixo se alguns cuidados não forem tomados.

Afinal, será que dá para ganhar da inflação? O quanto ela come do nosso patrimônio conforme os anos passam?

Recentemente muitas casas de análise travaram uma batalha contra a conta que afirma que de R$ 1 mil em R$ 1 mil você chegará no seu primeiro milhão em algumas décadas. A crítica contra criadores de conteúdo que fazem esses cálculos é que o movimento inflacionário, uma parte essencial da economia, fica de fora dessa conta.

Seu primeiro R$ 1 milhão acumulado ao longo de 40 anos com certeza não terá o mesmo valor de hoje. Isso não é para te desanimar, mas para te encorajar a encarar os fatos e fazer contas.

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Inflação: Um dragão indomável

Para você ter ideia do efeito perverso da inflação, se hoje você tem R$ 100 mil, daqui a 10 anos a quantia irá valer praticamente a metade (cerca de R$ 54 mil). Daqui mais 10 anos, já será o equivalente a R$ 29 mil.

Ou seja, os R$ 100 mil de hoje, daqui a 20 anos, comprariam as mesmas coisas que um patrimônio de R$ 29 mil. Isso tudo considerando uma inflação média de 6% ao ano.

Apesar de o resultado assustar, obviamente a melhor solução não é gastar tudo hoje antes que os preços subam, mas planejar sua independência financeira encarando esse dragão.

É uma combinação de quatro atitudes que juntas formam uma arma poderosa. Esqueça a ideia de uma aposentadoria tranquila com você sentado na frente do mar sem nenhuma preocupação. A matemática da inflação vai alugar um espaço na sua cabeça até o fim da vida.

Veja como vencer a inflação nos investimentos

Reajuste o quanto você investe

Concorda que R$ 100 hoje não valem o mesmo que uma década atrás? Basta notar a quantidade de produtos que você compra com a nota. Antes era um carrinho de supermercado; agora, quando muito, carrega uma sacolinha.

Por isso mesmo, não faz sentido você aplicar sempre a mesma quantia por décadas. Nem sempre a nossa renda sobe na mesma velocidade que a inflação.

Ainda assim, é importante de tempos em tempos reajustar seu aporte mensal. Pode fazer isso a cada ano, por exemplo.

Invista para ganhar da inflação

Para um projeto mais sólido de independência financeira, sua meta não deveria ser só obter rendimentos consistentes acima da caderneta de poupança, mas ganhar da inflação.

Seja na renda fixa com investimentos que acompanham o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o índice de inflação oficial do país, seja na renda variável optando por empresas com contratos reajustados pela alta de preços, como elétricas, é importante ter uma parte da carteira acompanhando a inflação.

O Tesouro IPCA, título público do Tesouro Direto que paga inflação mais um juro fixo, atualmente na casa de 5,5% ao ano, é um exemplo.

Tempo é literalmente dinheiro

Quanto mais tempo você levar para chegar ao seu número mágico, mais a inflação corrói o seu poder de compra.

Não existe caminho certo para a independência financeira. O que posso compartilhar aqui é a minha experiência. No meu processo, preferi economizar intensamente durante cerca de cinco anos, três dos quais acumulei três empregos, do que prolongar a corrida para o primeiro milhão.

Se tiver oportunidade de investir mais devido a um décimo terceiro, a um bônus ou aumento de renda, assim o faça. Pelo menos, assim eu faria para que a pedra da inflação não se transformasse em uma montanha.

Gastar menos do que os rendimentos permitem

Os rendimentos já superam seus custos, o que é uma grande vitória. No entanto, a matemática não acaba aí.

Se gastar exatamente todo o rendimento mensal da sua carteira, de novo corre o risco dos preços subirem e em algum momento o retorno não dar mais conta de manter o seu padrão de vida.

A regra de viver um degrau abaixo segue mesmo quando você já estiver na fase de desfrutar dos seus dividendos.

100% das pessoas querem ter dinheiro e liberdade. Mas só 1% aceita pagar o preço da paciência e estratégia para chegar lá. Em qual grupo você quer estar?