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Inesfa sugere que Gerdau vê benefício em fusão de Votorantim e Arcelor

21 nov 2017, 14:54 - atualizado em 21 nov 2017, 14:54

O Inesfa, entidade que representa as empresas de sucata, matéria-prima utilizada na fabricação do aço longo, sugeriu que a Gerdau vê benefício com a compra da Votorantim Metais pela ArcelorMittal, transação que será analisada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) até março do próximo ano. O advogado do Inesfa, André de Almeida, disse, em evento organizado pela entidade na capital paulista, que o mercado de aços longos no Brasil é dominado, na prática, apenas por quatro grupos: Votorantim Metais, ArcelorMittal, CSN e Gerdau.

O Instituto, assim como a CSN, é parte interessada no ato de concentração em análise. Já a Gerdau, maior concorrente da Arcelor no Brasil na produção de aços longos, não fez o pedido para ser parte interessada. A siderúrgica disse enxergar a operação em questão como neutra do ponto de vista concorrencial. Segundo Almeida, causa muita estranheza essa falta de posicionamento. Com a aprovação da transação, dois grupos seriam responsáveis por 90% do mercado.

A CSN estreou mais recentemente no mercado de aços longos. O Inesfa aponta que esse mercado possui, dessa forma, poucos compradores da sucata e muitos produtores da matéria-prima, configurando, assim, um mercado oligopsônico. Segundo dados do Inesfa, o setor de sucata ferrosa é composto hoje por 5.600 empresas, que movimentam anualmente uma receita operacional líquida de cerca de R$ 6,3 bilhões.

O ex-presidente do Cade e sócio-fundador do GO Associados, Gesner Oliveira, disse que, nesse mercado, a falta de concorrência pode resultar em excesso de poder de mercado e de poder de compra aos fabricantes de aços longos, gerando redução exagerada do preço da sucata, inibindo um setor que é ambientalmente positivo. A entidade diz ainda que, com o preço da sucata em queda, o resultado ambiental pode ser significativo. De outro lado, Oliveira cita ainda que essa concentração provoca ainda encarecimento do aço longo, prejudicando a construção civil.

Trâmite

A ArcelorMittal já propôs remédios para que a transação possa ser aprovada, como a venda de unidades, como a de perfis de aço. No entanto, a Superintendência Geral do Cade recomendou a reprovação da transação em parecer emitido no inicio de setembro, por ver importante sobreposição e, assim, “grande chance” de exercício de poder de preço em alguns produtos.

No relatório, a superintendência conclui que não encontrou um “eventual remédio estrutural que seja suficiente e viável capaz de mitigar os elevados riscos concorrências e coordenados, além do poder de compra, decorrentes de uma operação que não apresenta eficiências antitruste suficientes para afastar minimamente as preocupações concorrenciais elevadas”.

Movimentações de consolidação no mercado do aço no Brasil ocorrem após um longo período de secura, após mais de dez anos crise no setor. Além dessa transação, a Argentina Ternium comprou recentemente a CSA da Thyssenkrupp, operação já aprovada pelo órgão regulador. Com essa compra a Ternium passou a deter a primeira fábrica com a marca Ternium no Brasil. Hoje a companhia está presente no País já que é sócia da Usiminas. Neste ano, o Cade tem demonstrado uma postura mais dura em seus julgamentos. Reprovou, por exemplo, duas transações bilionárias, como a compra da Estácio pela Kroton e a rede Alesat pelo Grupo Ultra.

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