Industrialização acirra déficit de alimentos de consumo direto, diz estudo de Brasil, EUA e China
Na contabilidade entre o que se produz entre alimento para consumo direto e o destinado ao processamento, os estudos que mostram o déficit crescente do primeiro grupo não levam em conta o que a industrialização promove também em conversão alimentar.
Daí, por exemplo, que se a soja e o milho elevam a produção de proteína animal ou de óleo, ou que a cana-de-açúcar gera mais açúcar, entre outros exemplos, não quer dizer muita coisa.
Em case trazido pela revista científica Nature Food, em artigo publicado nesta quita (12), traz alguns exemplos para os próximos oito anos, quando apenas 26% das calorias colhidas globalmente serão destinadas a alimentos diretos.
Pela lógica das necessidades humanas e também de questões sócio-econômicas, ninguém vive só de carne – e milhões de pessoas no mundo nem têm condições financeiras – nem de óleos, nem de açúcar.
Alimentos para consumo direto estão entre os não processados ou de processamento mínimo e são eles que deveriam manter a meta da ONU de Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, no quesito segurança alimentar até 2030.
Vai faltar comida em muitas regiões, se não pela exata ausência ou pela incapacidade crescente de compra, na medida em que a escassez vai elevando os preços, como se traduz do artigo da Nature Food, assinado por cientistas de várias partes do mundo.
A brasileira Andrea Garcia, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, assina o trabalho, ao lado de colegas das universidades de Minnesota e Delaware e do World Resources Institute, dos Estados Unidos.
Para garantir que não há desvio ideológico nesse mapeamento que mostra a concorrência pela uso da terra, o artigo também é assinado por cientistas das universidades Agrícola de Jiangxi e de Pequim, da China, país diretamente responsável pela demanda de grãos para processamento.
A Nature Food, mostra, por exemplo que a cevada, mandioca, milho, palma, canola, arroz, sorgo, soja, cana-de-açúcar e trigo são as dez principais culturas globais e que representam atualmente mais de 80% de todas as calorias das culturas em colheita.
E, talvez, só o arroz tem a sua maior parte destinada ao consumo direto, depois de processamento mínimo para retirada da palha.