Economia

Indústria brasileira perde fôlego em abril, mostra PMI

03 maio 2019, 9:27 - atualizado em 03 maio 2019, 9:27
PMI da indústria brasileira demonstrou desaceleração no setor pelo mês de abril (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Embora as condições de negócios no setor industrial do Brasil tenham melhorado pelo décimo mês consecutivo em abril, o crescimento perdeu mais impulso ainda. Os pedidos para as fábricas aumentaram no ritmo mais fraco desde meados de 2018, levando a expansões mais brandas na produção, nas compras de insumos e nos níveis de empregos.

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Os indícios de uma desaceleração foram seguidos de sinais de aumentos na inflação de custos de insumos e de exportações fracas. Os dados são da pesquisa mensal do Índice de Gerente de Compras (PMI) feito pela IHS Markit para o Brasil.

O número básico caiu de 52,8 em março para 51,5 em abril, um recorde de baixa em seis meses.

Mesmo assim, o sentimento em relação aos negócios se fortaleceu, atingindo o segundo nível mais alto desde que a pergunta sobre as expectativas para o futuro foi introduzida em abril de 2012, diz Pollyanna De Lima, economista principal da IHS Markit. Ao permanecer acima da marca crítica de 50,0 em abril, o Índice Gerente de Compras™ (PMI®), sazonalmente ajustado, indicou uma melhoria mensal persistente na saúde do setor.

Tendências mais suaves se tornaram evidentes nas categorias de bens de consumo e de bens intermediários, enquanto o crescimento entre os fabricantes de bens de capital se manteve.

Apesar de ter aumentado pelo décimo mês consecutivo, o volume de vendas mostrou a recuperação mais fraca desde julho de 2018. Uma contração adicional na demanda externa exerceu pressão sobre o total de novas encomendas. A quantidade de pedidos para exportação diminuiu pelo quinto mês consecutivo.

O volume de produção continuou a aumentar solidamente. O crescimento se moderou e atingiu um recorde de baixa de cinco meses, mas superou a média de 2018 como um todo. Como foi o caso para a quantidade de novos trabalhos, os fabricantes de bens de capital lideraram a recuperação na produção.

Emprego mais devagar

A criação de empregos foi mantida em abril, embora aqui, também, tenha sido evidente uma desaceleração, avalia Pollyanna. O aumento foi o mais fraco no atual período de quatro meses de crescimento. As empresas que aumentaram o número de funcionários indicaram necessidades mais elevadas de produção, enquanto que as que se abstiveram de contratar mencionaram, como causa, uma abordagem cautelosa no gerenciamento de custos.

Compras diminuem, mas estoques sobem

O crescimento de compras de insumos se desacelerou atingindo o seu ponto mais fraco até agora em 2019. Porém, os estoques de matérias-primas e de itens semiacabados continuaram a aumentar. Da mesma forma, os estoques de bens finais cresceram pelo terceiro mês consecutivo.

Face aos volumes contidos de vendas, os produtores brasileiros de mercadorias desviaram recursos para finalizar negócios pendentes. Em abril, os pedidos em atraso diminuíram para o ritmo mais rápido em mais de um ano. Ao mesmo tempo, o desempenho dos fornecedores piorou de maneira mais significativa, o que, segundo relatos, deveu-se à escassez de matérias-primas e aos atrasos na entrega de materiais de origem internacional.

A queda no consumo provocou o aumento dos estoques, algo que preocupa o país economicamente(Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

O enfraquecimento do real, por sua vez, exerceu pressão de alta sobre a inflação dos preços de insumos. O aumento das cargas de custos foi acentuado, o mais rápido em seis meses e mais forte do que o observado em média na história da pesquisa.

A inflação dos preços de venda atenuou-se em comparação com março, contida pelas pressões competitivas.

Expectativas otimistas

Analisando as expectativas para o futuro, os fabricantes esperam que inovações de produtos, melhores oportunidades para exportação e condições econômicas favoráveis venham a sustentar o crescimento da produção. Além disso, o grau de otimismo foi o segundo mais alto na história das séries, ficando atrás apenas do registrado no início do ano.

Para Pollyanna, o crescimento tênue dos volumes de novos pedidos e os desafios persistentes nos negócios criaram condições adversas para os fabricantes brasileiros no início do segundo trimestre. Esses retrocessos prejudicaram a capacidade das empresas de sustentar os aumentos sólidos nos níveis de empregos sinalizados no início do ano. A recuperação recente nas contratações foi, na melhor das hipóteses, marginal, tendo se atenuado e atingido o seu ponto mais fraco em 2019 até agora.

O gerenciamento de custos continua sendo uma preocupação entre os produtores de mercadorias, restringindo também a criação de empregos, e as empresas observaram uma aceleração indesejável na inflação de preços de insumos, com o enfraquecimento do real tornando os itens importados mais caros, destaca a economista.

De maneira encorajadora, foi registrada uma expansão saudável no volume de produção em abril — apesar de uma moderação na taxa de crescimento — ao mesmo tempo em que o sentimento em relação às perspectivas de negócios se fortaleceu. Com os níveis de estoques mostrando sinais de acúmulo, os aumentos adicionais no volume de produção dependerão de a demanda poder mostrar uma vitalidade renovada nos próximos meses, alerta Pollyanna.

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