Indígenas reabrem BR-163 mas devem impor novo bloqueio às 18h, diz polícia
Indígenas kayapós que protestam no km 302 da BR-163, importante rota para o escoamento de grãos do Centro-Oeste, reabriram temporariamente o trecho para a passagem de veículos, mas prometem impor um novo bloqueio às 18h, o que descumpriria um mandado de liberação expedido na véspera pela Justiça Federal.
Procurada, a 5ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Santarém, responsável pelo gabinete de crise que acompanha o caso, informou à Reuters que a reabertura temporária eliminou filas de caminhões graneleiros que estavam no local.
Na segunda-feira pela manhã, quando começou o protesto, havia mais de três quilômetros de filas, principalmente de caminhões que rumavam para o porto fluvial de Miritituba, em Itaituba (PA), de onde barcaças levam grãos até os portos do Rio Amazonas para serem exportados.
A Justiça Federal solicitou a reintegração de posse do local, sob pena de multa de 10 mil reais ao dia caso a medida fosse descumprida, conforme documento assinado pela juíza Sandra Maria Correia da Silva visto pela Reuters.
O policial da PRF de Santarém Fernando Antônio disse que haveria um esforço da equipe para negociar a saída com os índios, “e se eles não aceitarem, órgãos superiores decidem quais serão as medidas cabíveis”, afirmou.
Vestidos para guerra, os indígenas reivindicam a renovação do Plano Básico Ambiental (PBA), pedem mais atenção para a saúde devido à pandemia de Covid-19 e se posicionam contra a construção da ferrovia Ferrogrão sem que eles sejam ouvidos, uma vez que o projeto prevê a construção dos trilhos perto de suas terras, de acordo com uma testemunha da Reuters no local do protesto.
A PRF do município de Sorriso (MT) recomendou que os caminhoneiros que transportam grãos para Miritituba aguardem em Mato Grosso antes de seguir viagem.