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Ibovespa recua com agenda fiscal no radar e deve ter 1ª queda mensal desde março

31 ago 2020, 11:53 - atualizado em 31 ago 2020, 12:02
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Às 11:36, o Ibovespa caía 1,34 %, a 100.773,17 pontos. O volume financeiro somava 4,9 bilhões de reais (Imagem: Reuters/Rahel Patrasso)

A bolsa paulista começava a segunda-feira com o Ibovespa em queda em meio a um viés misto nos mercados no exterior, em semana marcada por eventos político-fiscais relevantes no país, entre eles o envio ao Congresso do Orçamento de 2021 e uma esperada definição sobre a prorrogação do auxílio emergencial.

Às 11:36, o Ibovespa caía 1,34 %, a 100.773,17 pontos. O volume financeiro somava 4,9 bilhões de reais.

Esta segunda-feira é oficialmente o último dia para o governo entregar ao Congresso o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2021 e fechar a previsão de receitas e despesas da União para o próximo ano.

“A incerteza sobre o conteúdo do PLOA 2021 é elevada em razão da dificuldade matemática de conciliar ex-ante todas as pressões por maiores investimentos públicos (Pró-Brasil), orçamento militar e expansão da rede de proteção social (Renda Brasil)”, afirmou o BTG Pactual em nota a clientes.

Mais cedo, o Banco Central também divulgou que a dívida bruta brasileira, considerada a principal medida da saúde fiscal do país, subiu 10,7 pontos no ano até julho, ao patamar recorde de 86,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

Quanto ao auxílio emergencial, o deputado Arthur Lira (PP-AL), líder do bloco parlamentar conhecido como centrão, afirmou no sábado que o presidente Jair Bolsonaro anunciará terça-feira a prorrogação do benefício pago a vulneráveis e trabalhadores informais devido à pandemia de coronavírus.

Preocupações com a situação fiscal adicionaram incertezas e tolheram os efeitos positivos no Ibovespa de um ambiente favorável de estímulos monetários no exterior e no país. Com isso, o índice deve fechar agosto com o primeiro desempenho mensal negativo desde março – de cerca de 2% até o momento.

Jair Bolsonaro anunciará na terça-feira a prorrogação do benefício pago a vulneráveis e trabalhadores informais devido à pandemia de coronavírus (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

No exterior, por sua vez, o norte-americano S&P 500 tinha variação discreta após renovar máxima na abertura da sessão e caminhar para o seu melhor agosto em mais de três décadas, com as apostas em uma recuperação econômica devido ao apoio prolongado do Federal Reserve.

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Destaques

Eletrobras (ELET3) e Eletrobras (ELET6) perdiam 4,32% e 3,94%, respectivamente, após alta relevante na última quinzena, marcada por noticiário mais favorável referente à esperada privatização da elétrica. Nas últimas duas semanas, as ações ON da companhia acumularam alta de 10%.

Também no radar está uma medida provisória para o setor, que preveem tarifas menores para alguns Estados de Norte e Nordeste.

IRB (IRBR3) caía 3,87%, após balanço divulgado na madrugada de sábado que mostrou prejuízo líquido de 685,1 milhões de reais de abril a junho, uma vez que efeitos cambiais e impactos da pandemia de Covid-19 pressionaram ainda mais os números da resseguradora, que tenta corrigir o estrago causado por fraude contábil nos últimos anos. No começo da sessão, o papel chegou a recuar mais de 7%.

CVC Brasil (CVCB3) recuava 3,76%, em meio a ajustes após alguma reação nos últimos meses, dado o ambiente de incertezas para o setor de turismo em meio a dados ainda ruins sobre a pandemia de Covid-19 no país.

O calendário corporativo mais recente da empresa previa a divulgação dos resultados do primeiro e do segundo trimestres nesta segunda-feira.

Energias do Brasil (ENBR3) avançava 6,39%, entre as poucas altas do Ibovespa nesta sessão, tendo de pano de fundo lucro líquido de 237,2 milhões de reais no segundo trimestre, um avanço de 25,5% na comparação anual, ao mesmo tempo em que anunciou ajustes na política de dividendos.

Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) caíam 1,11% e 1,26%, respectivamente, contaminados pelo clima mais cauteloso no mercado brasileiro.

Petrobras (PETR3;PETR4) mostravam declínio de 1,73% e 1,95%, respectivamente, mesmo com a alta dos preços do petróleo no mercado internacional.

Vale (VALE3) cedia 0,54%, com a queda atenuada pela alta dos futuros de minério de ferro na Bolsa de Commodities de Dalian, na China, que saltaram mais de 4% nesta segunda-feira, marcando o sexto ganho mensal consecutivo. No setor de mineração e siderurgia, o desempenho era misto. Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5) tinham baixa, enquanto CSN (CSNA3) evoluía 0,52%