Internacional

Índice de estresse de mercado dos EUA tem padrão parecido a 2008

28 abr 2020, 15:26 - atualizado em 28 abr 2020, 15:29
EUA Bandeira
Também pode valer a pena revisar a história, onde os sinais parecem ameaçadores (Imagem: Unsplash/@reinf)

Investidores estudaram tudo, desde o consumo de energia até a curva de infecção, para descobrir se a atual recuperação do mercado é algo temporário após o crash do coronavírus.

Também pode valer a pena revisar a história, onde os sinais parecem ameaçadores.

Apesar de todo o entusiasmo causado pelas políticas de estímulo sem precedentes, as condições financeiras dos Estados Unidos têm se comportado de maneira estranhamente semelhante a 2008. Se esse padrão continuar, pelo menos mais uma onda vendedora está a caminho.

O índice Bloomberg United States Financial Conditions, uma medida de estresse dos mercados de ações, títulos e monetário, iniciou a onda vendedora com queda de um mês até a terceira semana de março, antes de recuperar cerca da metade do valor no mês seguinte.

Esse é quase exatamente o padrão seguido pelo indicador durante a crise de crédito. Preocupante para investidores de 2020 que tentam navegar na estimada recessão de US$ 6 trilhões causada pela pandemia, em 2008 o indicador voltou a cair e ficou em queda por mais um mês.

Evidentemente, as circunstâncias que cercam esta crise são muito diferentes da situação em 2008. O mundo não havia vivenciado uma pandemia desta natureza, e os investidores nunca haviam enfrentado uma retração tão grave ou rápida da atividade econômica. Ao mesmo tempo, a resposta dos bancos centrais foi mais rápida e mais ampla do que qualquer outra vista antes.

Mesmo assim, as semelhanças entre as condições naquela época e agora serão munição para os pessimistas. A decisão dos governos de reduzir as medidas de confinamento para conter o surto pode desencadear uma recuperação econômica ou outra onda do vírus.

“O risco de outra baixa das ações aumentou após o forte rali”, disse Christian Mueller-Glissmann, responsável por alocação de ativos do Goldman Sachs, em Londres. “Ainda temos que ver a extensão do choque de crescimento e possíveis efeitos secundários” do vírus, disse em entrevista.

Mueller-Glissmann faz parte de uma lista crescente de especialistas do mercado preocupados com outra baixa dos ativos de risco.

O bilionário Carl Icahn disse à Bloomberg Television na sexta-feira que tem aumentado suas posições em dinheiro e evitado ações enquanto se prepara para mais estragos causados pela pandemia.

O S&P 500 avançou com base em uma visão excessivamente otimista da rapidez com a qual as economias podem se recuperar, avalia, o que significa que as ações estão muito caras.

O risco de outra baixa das ações aumentou após o forte rali”, disse Christian Mueller-Glissmann, responsável por alocação de ativos do Goldman Sachs, em Londres (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

Até agora, grande parte do estresse no sistema foi contido pelas medidas do Federal Reserve, que ofereceu diversos tipos de suporte aos mercados, incluindo financiamento, títulos municipais e dívida corporativa. Para otimistas como Vasileios Gkionakis, estrategista de câmbio do Banque Lombard Odier & Cie, as medidas monetárias e a reabertura das economias significam que o pior já passou.

“Não acredito que teremos outro mergulho como em 2008”, disse o estrategista. “Precisaríamos ver um sério revés na curva de infecção para que os bloqueios continuassem na Itália, Espanha, EUA, Reino Unido e França.”