Indicadores, Trump e o mercado colocam pressão sobre Powell para cortar juro
Diante da contração da indústria dos EUA, medida através dos 47,8 pontos do indicador ISM Manufacturing, crescem as probabilidades de novo afrouxamento monetário na reunião do Federal Reserve do mês de outubro, nos próximos dias 29 e 30, e eleva-se a pressão sobre o chairman Jerome Powell, seja no corte do juro, seja na sinalização da autoridade monetária.
Além dos investidores, o presidente Donald Trump culpou novamente Powell após os dados decepcionantes da indústria, afirmando que os membros do Fed são “os piores inimigos dos EUA”.
A divulgação do desempenho do setor de serviços, pelo ISM Services a ser publicado nesta quinta-feira (3), e o Relatório de Emprego na próxima sessão devem dar sinalizações sobre possível contaminação da indústria por toda a economia.
Amortecedor
Joseph Song, economista do Bank of America, avalia que “o fluxo de indicadores aumentou o cenário probabilístico de novo corte de juro em outubro”, de acordo com a reportagem da Bloomberg. “Notadamente os mercados estão precificando a redução”.
O economista pondera maior expectativa de consonância para corte dentro do colegiado. “Se os indicadores continuarem vindo fracos, este cenário pode tornar os membros mais reticentes ao corte de juro a proverem algum tipo de amortecedor para a economia”, avaliou.
Gerenciamento de risco
Em entrevista à Bloomberg em Madri, o presidente do Fed de Chicago Charles Evans avalia que a recente contração na indústria ainda não é suficiente para realizar novo corte na Fed Funds Rate.
“Se um corte a mais neste ponto é a decisão certa ou não, acredito que devemos nos reunir e verificar”, declarou. “A questão em si é o quão flexível nós necessitamos ser. No atual momento, ainda é gerenciamento de risco”, completou.
Pressão
Por sua vez, a economista Sarah House do Wells Fargo discorda de Evans. “A contração nas condições financeiras nos últimos dias está colocando maior pressão sobre o Fed para novo afrouxamento monetário”, declarou.
Por último, o analista Roberto Perli da Cornerstone Macro acredita em viés mais realista do Federal Reserve. “Os últimos indicadores e a desvalorização recente do mercado acionário provavelmente deve trazer certo ceticismo aos membros do colegiado”, disse.