Indicadores econômicos: E meus investimentos com isso?
PIB, inflação, taxa de juros, câmbio e rating… Como esses indicadores econômicos afetam uns aos outros e também os nossos investimentos? Saiba como os indicadores da Macroeconomia te afetam direta e indiretamente, impactando suas aplicações.
A análise da macroeconomia mostra que a mudança de determinados agregados macroeconômicos como o PIB, a Inflação, a taxa de câmbio, os juros, o nível de renda e demais indicadores que temos no Brasil impactam nas decisões que os pessoas tomam nos seus investimentos.
Explanando alguns termos citados, o PIB que nada mais é do o Produto Interno Bruto produzido internamente no Brasil sendo bens ou serviços. Uma expectativa de PIB positiva, ou seja, falar que o PIB está com uma projeção que tende a crescer, é o mesmo que dizer que a economia do país está indo bem e que como tudo na economia está interligado, a produção que aumentou faz com que mais empregos sejam gerados, já que para as empresas produzirem mais elas precisam, dentre outras coisas, contratar mais funcionários, com isso, o evento é em cadeia contínua, com mais pessoas tendo emprego, o poder de compra aumenta, o que impulsiona as compras que são realizadas pelas próprias pessoas em produtos de outras empresas e assim o círculo virtuoso continua.
O que isso afeta nos nossos investimentos? Se você investir em empresas varejistas, muito provavelmente o lucro delas no geral irá aumentar e se você adquiriu ações destas empresas poderá receber dividendos mais expressivos. O consumo impulsionado afeta positivamente vários setores da economia.
Uma outra coisa que pode acontecer é o consumo que também pode desencadear uma inflação mais alta, a inflação é a alta geral nos preços, isso acontece devido a lei da oferta e da demanda, quando existe muita demanda para pouca oferta, ou seja, quando existem muitas pessoas querendo comprar e esse número supera as que querem vender, o preço das coisas aumenta.
Esse é um jeito para tentar equiparar novamente a oferta e a demanda, para tentar equilibrar os dois pontos novamente. Os preços mais altos fazem com que a demanda diminua novamente, e isso acontece devido a sensibilidade ao preço que as pessoas sentem, em economia chamamos isso de elasticidade.
E uma inflação alta também irá corroer parte da sua rentabilidade, em cenários de inflação alta, recomenda-se dentro da renda fixa, a investir em títulos que acompanham a inflação nos títulos IPCA+ e assim se proteger dessa desvalorização do seu dinheiro, onde 100 reais hoje não compram as mesmas coisas que 100 daqui a um ano, dependendo da inflação.
A Inflação também vai afetar diretamente os setores de varejo, essas empresas irão sofrer devido a baixa no consumo geral, impactando então os dividendos distribuídos por essas empresas varejistas que possuem capital aberto na bolsa de valores, um exemplo de ação que poderia ser afetada nesse cenário é a da Magazine Luiza, B2W, Via Varejo e Lojas Americanas.
Importação e taxa de câmbio
Até aqui vimos como o PIB pode influenciar na inflação e como os agentes econômicos como pessoas e empresas reagem diante a isso.
Agora, estabelecendo uma relação entre inflação e taxa de câmbio, a inflação interna, que é a alta geral nos preços, faz com que as pessoas passem a buscar produtos no exterior, isso porque o preço deles aqui internamente é mais alto do que no exterior em outra moeda.
Temos então que a inflação alta faz com que as pessoas aumentem suas compras fora do país, nisso entra a taxa de câmbio, uma taxa de câmbio favorável a importação e uma inflação alta faz com que as nossas divisas comecem a sair do Brasil, com os nossos dólares por exemplo, saindo do país, nossa balança comercial começa a sofrer déficit, déficit é quando temos mais despesas do que receitas dentro das contas do país. As empresas que possuem dívidas em dólar acabam sendo também diretamente afetadas. Todos os pagamentos ao exterior são feitos em dólar, este é um dos motivos que devemos ter mais exportação do que importação.
Rating
Portanto, em um país como o Brasil, quando a importação sobe, as reserva de divisas que temos caem, isso porque os nossos dólares estão indo embora na importação, as pessoas estão comprando produtos de outros países que devem serão pagos em dólar.
Isso é ruim para nós já que as nossas dívidas com os demais países também devem ser pagas em dólar, e nós não temos o poder de imprimir esta moeda, e se não tivermos divisas o suficiente para pagarmos nossas dívidas, os juros cobrados aumentam, aumentando nossa dívida externa e se não pagarmos ou demorarmos para pagar, acabamos sendo taxados como maus pagadores por empresas internacionais de rating que nos caracterizam com um rating baixo.
Um rating baixo faz com que muitas empresas externas não queiram investir aqui devido a incerteza que temos para pagá-los. O Brasil foi rebaixado pela Fitch em 2018, “O rebaixamento do Brasil reflete persistentes e grandes déficits fiscais, a alta crescente da dívida pública e o fracasso em reformas legislativas que melhorariam o desempenho estrutural das finanças públicas”, destacou a Fitch no comunicado.
Neste trecho podemos ver também que outros fatores influenciam no rating do nosso país e que esse rating atinge diretamente os investimentos que passariam a entrar no país mas que não entraram devido a incerteza que fixaram em nós como possíveis não pagadores, desaquecendo então o mercado financeiro interno, o que resulta em uma baixa geral no preços das ações.
Juros
Neste cenário, com a falta de investimento externo e com a saída de divisas, os juros sobem na tentativa também de atrair novos investidores e assim fazer com que as pessoas deixem de ficar consumindo produtos e comecem a investir, porque para elas, vale mais a pena investir em uma taxa alta do que gastar. Outra coisa que acontece é que como os juros sobem, os empréstimos se tornam mais caros e as pessoas diminuem a quantidade de empréstimos que tomam nos bancos, isso também faz com que o consumo geral caia.
Com o capital especulativo aumentado devido aos juros, a Balança de Pagamentos que antes estava em déficit, volta a se equilibrar, os investimentos que entram no Brasil, entram em dólar. A falta de consumo, que é justamente uma demanda menor, faz com que os preços caiam na tentativa dos produtores de escoar as suas mercadorias, abaixando então a inflação que antes estava alta. Tudo o que foi descrito até aqui, em se tratando de PIB, Inflação, taxa de cambio, reservas de divisas e balanço de pagamentos é o grande ciclo dentro da economia, onde um agregado macroeconômico influencia outro e assim por diante.
Vimos neste artigo que tudo na economia está interligado e que tudo acaba interferindo nos seus investimentos de uma maneira ou de outra, isso porque um PIB positivo impulsiona a economia e faz com que as empresas prosperem e paguem mais dividendos, a inflação pode corroer o seu rendimento, já que com os preços mais altos você precisa de mais dinheiro para comprar o mesmo bem.
E dependendo do câmbio, decidirá entre comprar aqui ou em outro país, o que fará com que nossas divisas caiam e os juros aumentem, aumentando os rendimentos dos investimentos em renda fixa uma vez que são atrelados a taxa de juros e diminuindo o poder de compra das pessoas, que diminui a receita das empresas, que fazem cortes demitem funcionários, diminuem seu lucro, estabilizando a inflação já que vendem seus produtos por um preço menor.