Internacional

Índia ‘na cola’ da China: O que Brasil tem a ganhar com crescimento econômico do país?

29 abr 2024, 12:47 - atualizado em 29 abr 2024, 12:48
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Relações diplomáticas entre Índia e Brasil começaram em 1948 e representam oportunidade para exportações de produtos brasileiros de maior valor agregado (Foto: Ricardo Stuckert/PR/Flickr)

PIB (Produto Interno Bruto) em US$ 3,417 trilhões e população de 1,417 bilhão, esse é o atual cenário da Índia. O país atrai otimismo do mercado, enquanto coloca em cheque seu rival asiático, a China, e representa uma oportunidade de aliança estratégica para o Brasil.

Segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), a Índia é o país com projeção de maior crescimento econômico, com uma expectativa de 6,8% para este ano. Já a China, a previsão é de 4,6% para 2024.

Conforme a Bloomberg, a expectativa é que o país ultrapassará as economias da Alemanha e Japão em 2028.

O crescimento é baseado principalmente em investimentos na transformação da infraestrutura do país, com gastos em aeroportos, portos, ferrovias e energia limpa. O reflexo do crescimento na economia também é visto nas ações do país, com preços nas alturas e entre os melhores desempenhos do mundo.

Entretanto, para Alexandre Uehara, coordenador do curso de Relações Internacionais da ESPM e especialista em Ásia, apesar da economia indiana crescer mais do que a chinesa, a probabilidade da primeira ultrapassar a segunda continua um pouco distante.

“Até porque a economia chinesa também está crescendo, ainda que em um ritmo um pouco menor do que a de sua concorrente”, coloca.

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Brasil pode ser beneficiado com crescimento econômico da Índia

Entre os investimentos indianos no Brasil, estão aqueles relacionados aos setores de transmissão de energia, defensivos agrícolas e fabricação de veículos pesados. Enquanto isso, o Brasil contribui à Índia com investimentos em motores elétricos, terminais bancários e componentes de veículos pesados.

Atualmente, a Índia ocupa a quinta posição entre os parceiros comerciais brasileiros no mundo, sendo o segundo no continente asiático. Os dois países começaram suas relações diplomáticas em 1948 e complementam os Brics, grupo de países emergentes que também conta com China, Rússia e África do Sul.

Para o coordenador, o crescimento indiano abre a possibilidade do Brasil buscar o fornecimento de produtos de maior valor agregado, “ao invés de manter uma exportação de basicamente matéria-prima ou recursos naturais”, complementa.

Alexandre também afirma que, atualmente, os países possuem uma relação de maior confiabilidade com a Índia do que com seu adversário na Ásia, com Estados Unidos e Japão, por exemplo, buscando uma integração maior com essa nação.

“Isso faz com que o Brasil eventualmente também tenha que buscar uma aproximação maior com a Índia, que hoje é um parceiro que não têm a mesma importância como a China”, finaliza.

Eleições mexem com país

Mas o país também tem preocupações internas importantes, como as atuais eleições.

O atual primeiro-ministro, Narendra Modi, busca uma reeleição, mas enfrenta uma oposição formada por cerca de 20 partidos, contra o vigente Partido Bharatiya Janata (BJP). A expectativa é de que o intenso crescimento econômico no país seja um fator positivo para a campanha de Modi.

Uehara complementa com um ponto de atenção: o fato de uma parcela da população indiana ainda não ter obtido parte do crescimento econômico intenso, por falta de distribuição em uma sociedade que ainda reflete o sistema de castas que ditou inúmeras regras no país por inúmeros anos.

As eleições começaram no dia 19 deste mês, e devem terminar no dia 4 de junho, contando com 7 etapas até a finalização e movimentando 969 milhões de eleitores.