Índia desacelera exportações de vacinas para avançar imunização
A Índia reduziu as exportações de vacinas contra o coronavírus enquanto avança a imunização no país para conter o aumento constante dos casos, de acordo com autoridades do governo com conhecimento do assunto.
A decisão de reduzir o fornecimento a outras nações vem na sequência da expansão do programa de vacinação na Índia no início desta semana para incluir todas as pessoas com mais de 45 anos, disse uma autoridade que pediu para não ser identificada.
Os casos de Covid-19 na Índia aumentaram rapidamente no último mês. Na quinta-feira, o Ministério da Saúde registrou 53 mil novas infecções, nível visto pela última vez no fim de outubro. Com quase 11,8 milhões de casos no total, a Índia fica atrás apenas dos EUA e do Brasil como o país mais atingido pela pandemia de Covid-19.
O maior exportador de vacinas do mundo exportou imunizantes pela última vez em 18 de março, segundo dados do Ministério de Relações Exteriores da Índia.
Embora colocado em banho-maria, um cronograma para a exportação de vacinas está em vigor até 28 de março, disse outra autoridade. A suspensão das exportações pode ser revista em um ou dois meses, e a Índia honrará os contratos comerciais, mesmo que em ritmo mais lento, disseram as autoridades.
Uma porta-voz do Ministério da Saúde não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
A Índia deve embarcar 1,2 milhão de doses de vacina para a vizinha Bangladesh durante a visita do primeiro-ministro Narendra Modi na sexta-feira.
A decisão de enviar essas doses foi tomada antes que o governo decidisse acelerar a vacinação na Índia, disse uma autoridade. A Índia exportou ou doou mais de 60 milhões de doses até agora como parte de sua diplomacia de vacinas.
Restrições na Índia podem afetar os planos de vacinação de várias nações. No Reino Unido, a expectativa é de redução dos suprimentos por quatro semanas devido ao atraso de um lote da vacina da AstraZeneca produzida na Índia.
A produção de vacinas por um dos parceiros de fabricação da Astra, o Serum Institute of India, foi paralisada, e outros 1,7 milhão de doses foram retidos na última semana para mais verificações de estabilidade, disse o secretário de Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, em comunicado na quinta-feira ao Parlamento. Os atrasos do Serum correspondem a quatro milhões de doses, de acordo com o Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido.
Um porta-voz do Serum não quis comentar, embora o diretor-presidente da empresa, Adar Poonawalla, tenha dito à Bloomberg na semana passada que a Índia pediu mais vacinas do que inicialmente esperado.
A iniciativa Covax apoiada pela Organização Mundial da Saúde, que está comprando vacinas para países pobres e de renda média, enfrenta “problemas iniciais” e seus principais fornecedores – AstraZeneca e Serum – não conseguem atender os pedidos, disse na segunda-feira Bruce Aylward, conselheiro sênior da OMS.
A Índia administrou 53,15 milhões de doses até o momento e imunizou – ou administrou duas doses de vacina – 8,29 milhões de pessoas ou 0,6% da população, de acordo com o rastreador de vacinas da Bloomberg.
O país estabeleceu a meta de imunizar 300 milhões profissionais de saúde e trabalhadores da linha de frente até agosto, mas enfrenta obstáculos para cumprir a meta.
Em março, o país ampliou os critérios para incluir qualquer pessoa com mais de 60 anos e indivíduos com comorbidades acima de 45. A partir de 1º de abril, essa lista incluirá todos com mais de 45 anos.
A Índia também permitiu a vacinação por hospitais e clínicas privadas por um preço fixo.