Índia atrasa envio de vacina da AstraZeneca ao Reino Unido
Uma remessa atrasada da Índia com a vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca está por trás do corte de suprimentos do Reino Unido a partir do fim deste mês, segundo uma pessoa com conhecimento da situação.
As doses da vacina fabricadas por um dos parceiros da Astra, o Serum Institute of India, sofreram atraso, disse a pessoa, que não quis ser identificada.
O atraso está relacionado à permissão do governo indiano para a exportação das doses ao Reino Unido, de acordo com outra pessoa com conhecimento do assunto.
O Serum Institute enfrenta pressão para priorizar a Índia e outros países com extrema necessidade de vacinas, disse o CEO da empresa no início desta semana. Devido ao atraso, o governo britânico passou a oferecer as doses restantes para pessoas com maior risco de desenvolver casos graves de Covid-19.
O Serum Institute já forneceu vacinas ao Reino Unido neste trimestre e deve entregar 10 milhões das 100 milhões de doses totais do Reino Unido, disse uma fonte.
Em carta aos centros de saúde, o Serviço Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês) não ofereceu detalhes, dizendo que a escassez era resultado da redução das “vacinas nacionais recebidas”.
O Reino Unido anunciou um novo marco na quarta-feira: mais de 25 milhões de pessoas já receberam a primeira dose das vacinas desenvolvidas pela Pfizer e BioNTech ou pela Astra e Universidade de Oxford. O número equivale a cerca de metade da população adulta do Reino Unido.
Segundas doses
Adar Poonawalla, diretor-presidente do Serum Institute, disse que os países têm segurado suprimentos e restringido o acesso aos materiais necessários para aumentar a produção. A empresa foi orientada a priorizar os suprimentos para a Índia e alguns outros países com alto índice da doença, disse em entrevista à Bloomberg na quarta-feira.
A empresa responde pelo fornecimento de mais da metade das vacinas usadas até agora no programa Covax, apoiado pela OMS, que visa o acesso equitativo às vacinas no mundo todo.
A Astra não quis comentar sobre o atraso. A empresa disse na quarta-feira que a “cadeia de suprimento doméstico do Reino Unido não enfrenta nenhuma interrupção e não há impacto em nosso cronograma de entrega”.
O governo respondeu ao corte dizendo que agora se concentra no fornecimento de segundas doses para pessoas mais vulneráveis e grupos prioritários que ainda não se vacinaram.
Um porta-voz do Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido disse que o número de vacinações realizadas irá variar de acordo com a oferta, mas que o país continua no prazo de oferecer a primeira dose para pessoas com mais de 50 anos até meados de abril e a todos os adultos até o final de julho.
Serum e o governo indiano não responderam de imediato aos pedidos de comentários.