Economia

Incertezas após tarifaço de Trump podem levar Copom a encerrar altas da Selic já em maio, diz Inter

06 abr 2025, 17:56 - atualizado em 07 abr 2025, 8:15
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Inter mantém a projeção de alta de 0,50 p.p. na Selic em maio (Imagem: Banco Central/Antônio Cruz)

O Comitê de Política Monetária (Copom) pode encerrar o ciclo de alta da Selic já na reunião de maio, com o aumento da incerteza após os Estados Unidos (EUA) anunciarem uma série de tarifas recíprocas, afirma o Inter.

“O cenário que já era complexo ficou consideravelmente mais incerto”, dizem os economistas André Valério e Rafaela Vitória.

O Copom já aumentou os juros em 3,75 pontos percentuais (p.p.) desde o início do ciclo e, com mais uma alta prometida, o cenário demandará prudência por parte da autoridade monetária. Vale destacar que, na reunião de março, foi projetado mais um aumento na Selic, mas menor do que os anteriores.

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Os diretores do Banco Central (BC) precisarão averiguar o impacto combinado das medidas de aperto monetário e dos eventos internacionais. “Assim, podemos ter o fim do ciclo na próxima reunião”, afirmam.

O Inter mantém a projeção de alta de 0,50 p.p. nos juros em maio. Com isso, a taxa subiria do atual patamar de 14,25% para 14,75% ao ano.

Os economistas da instituição, no entanto, reconhecem que o mercado pode precificar de uma alta menor, a depender do desenvolvimento dos fatos nos próximos dias.

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O impacto das tarifas de Trump sobre o Brasil

O Brasil recebeu a menor tarifa, de 10%, dos EUA. A China e a União Europeia, por exemplo, receberam tarifas de 54% e 20%, respectivamente.

O impacto sobre a economia brasileira é misto, avaliam Valério e Vitória, do Inter.

Por um lado, o fato do Brasil ter recebido a menor alíquota, coloca as exportações brasileiras para os norte-americanos em posição privilegiada, podendo ganhar market-share.

Caso haja retaliações por parte dos outros países, o Brasil também pode ver um aumento na demanda por suas exportações. Esse movimento, porém, depende do impacto das tarifas sobre a economia do resto do mundo, em particular da União Europeia e da China. “Se a China entrar em recessão por conta das tarifas de 54% em seus produtos, podemos ver um efeito líquido negativo nas nossas exportações”.

Além disso, o real ainda pode surfar a onda de desvalorização global do dólar.

Por outro lado, os juros futuros podem cair, acompanhando o movimento global. Entretanto, isso não é positivo, pois reflete uma visão de recessão na economia americana, o que pode se transformar em uma recessão global.

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Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Atua na área de macroeconomia, finanças e investimentos desde 2021.
giovana.leal@moneytimes.com.br
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Atua na área de macroeconomia, finanças e investimentos desde 2021.