Economia

Incerteza volta a subir com riscos da 2ª onda de Covid, diz FGV

11 nov 2020, 14:44 - atualizado em 11 nov 2020, 14:44
Ministério da Economia
A percepção de paralisia das reformas, diante da proximidade da eleição municipal e da disputa pelo comando na Câmara e Senado (Imagem: Agência Brasil/Marcello Casal Jr)

A incerteza em relação à economia brasileira está próxima do maior nível desde o início de setembro com o recebimento de que a segunda onda da Covid-19, já instalada na Europa e nos EUA, pode desacelerar uma retomada global e obrigar o Brasil a manter gastos públicos elevados.

“Os últimos movimentos de piora da incerteza têm a ver tanto com a pandemia quanto ao risco fiscal”, diz Anna Carolina Gouveia, economista responsável pela análise do índice de incerteza da Fundação Getúlio Vargas. Calculado diariamente com base nas informações dos sete dias anteriores, o índice se baseia nas menções do termo “incerteza” na mídia e na dispersão das expectativas sobre câmbio, informação e taxa Selic na pesquisa Focus.

O aumento da preocupação com o risco fiscal capturado pelo índice nos últimos meses foi realçado pela discussão sobre a possibilidade de descumprimento do teto de gastos, diz um economista. 

Mais recentemente, a percepção de paralisia das reformas, diante da proximidade da eleição municipal e da disputa pelo comando na Câmara e Senado, agravou o cenário.

“Temos uma paralisia no Congresso e não se sabe o que será feito em questões como o auxílio emergencial e o teto de gastos”, diz Anna Carolina.

Segundo ela, a pandemia, que levou ao aumento de gastos este ano, também agrava como incertezas fiscais para 2021.

Isso porque, se o Brasil for atingido por uma 2ª onda da Covid, os gastos com o auxílio podem continuar, ao mesmo tempo que novas medidas de isolamento interrompem a retomada do crescimento.

“A incerteza fiscal também é influenciada pela pandemia”, diz um economista da FGV.

Caso o Brasil seja atingido por uma segunda onda da Covid-19, o governo vai gastar, mas num patamar menor que o observado na primeira onda, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, durante o evento Bloomberg Emerging + Frontier Forum 2020 na terça -feira.